Avaliação: Toyota SW4, vale pagar R$ 100.000 a mais que um Jeep Commander?
O Toyota SW4 SRX foi renovado no fim do ano passado, recebendo retoques visuais e motor turbodiesel recalibrado. Dez meses depois, passamos alguns dias com a versão topo de linha para descobrir o que o SUV derivado da picape Hilux oferece de melhor e pior. Afinal, há justificativa para o SW4 custar R$ 374.690?
A pergunta é especialmente válida quando observamos que o “suvão” de sete lugares ganhou um concorrente incômodo nas últimas semanas, o Jeep Commander, que nas versões T380 quer roubar clientes justamente da Toyota. Para isso, tem como principal atrativo o fato de cobrar quase R$ 100.000 a menos.
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Falando de desempenho, o Commander tem 34 cv a menos de potência e 12,2 kgfm de torque a menos. Porém, o porte é o mesmo e o chassi monobloco permite uma condução mais confortável na cidade. Mas o SW4 ainda tem seus trunfos.
Mesmo se tratando de uma avaliação, e não um comparativo, essas informações são relevantes para o conhecimento de quem cogita levar o SUV da Toyota ou o da Jeep para casa.
Para entendermos melhor os predicados do SW4, colocamos o SUV à prova na cidade, na estrada e no chão de terra. Ouvimos a opinião dos passageiros, fomos os passageiros em algum momento e eis aqui nossa avaliação do Toyota SW4 SRX, em cinco tópicos para mostrar onde o SUV embala e onde perde o fôlego.
Toyota SW4 SRX 2021 - Preço: R$ 374.690
Antes, assista ao nosso vídeo exclusivo sobre o novo SW4 no quadro Primeira Partida:
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Design moderninho por fora, conservador por dentro
Na reestilização, o Toyota SW4 teve ajustes pontuais no design, mas que mudaram significativamente sua cara. A nova dianteira não apenas deixou o modelo mais elegante, como o rejuvenesceu.
O SW4 ganhou novo para-choque e teve grade dianteira redesenhada e ampliada, trocando a estética de recortes horizontais por uma silhueta trapezoidal. Os faróis ficaram mais finos, mas continuam ligados pelo contorno cromado da grade. As molduras dos faróis de neblina também estão maiores e ganharam novo desenho.
O conjunto de iluminação da versão SRX é todo em LED (faróis alto e baixo, faróis de neblina e lanternas). A cabine se preservou quase intacta, não fosse a atualização da tela TFT de 4,2 polegadas e da central multimídia de 8 polegadas.
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No geral, o habitáculo ainda tem uma pegada muito tradicional e um tanto quanto ultrapassada. A disposição dos componentes não é nem um pouco atual, a começar pela central multimídia que já não tem uma ótima resolução, fica em uma posição um tanto quanto baixa e tem botões que remetem a década passada, para completar um rádio com cara de antigo e barato é posicionado logo abaixo.
Falta modernidade no design até da manopla de câmbio. Mas no que se trata dos materiais do acabamento, a qualidade é notável. Desde o couro que reveste o volante, partes do painel e bancos até alguns toques em madeira. Há pouco plástico duro aparente e pouco cromado, o que ajuda a não sobrecarregar o visual.
Por se tratar de um SUV na casa dos R$ 370 mil, o esperado é um visual mais moderno, o que não significa que precisa perder a essência conservadora, mas abandonar tudo que for arcaico. A Toyota pecou ao não reformular o painel já que o modelo acabou de passar por uma reestilização e ganhar a nova central.
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Espaço de sobra, conectividade em falta
Espaço é um dos pontos altos do Toyota SW4, não apenas por ser um SUV de sete lugares, mas devido ao espaço generoso dedicado a cada passageiro e muitos porta-objetos em todo carro. Os bancos são largos e macios, pois os japoneses costumam ser muito assertivos nisso.
Há um bom espaço para as pernas nas três fileiras e, por se tratar de um carro alto, independente da estatura do passageiro, ninguém vai se sentir espremido. A exceção fica apenas para quem for na terceira fileira de bancos, pois elas são alocadas justamente no espaço do porta-malas, bem acima do eixo traseiro.
Isso, além de tirar um pouco do espaço para as cabeças, também compromete o conforto, por conta dos impactos que são mais sentidos ali. O aconselhável é deixar esses dois lugares para as crianças, mais baixas, ou aqueles amigos e familiares que reclamam menos.
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Quem vai no meio ou ao lado do motorista percebe que a absorção dos impactos é bem melhor. Outro ponto é que o SW4 já carrega a fama de molengão há alguns anos. No entanto, o colocamos à prova nas ruas esburacadas de São Paulo e na estrada de terra, e concluímos que essa fama é um tanto injusta.
Outro ponto que precisamos citar é a conectividade. Há apenas uma entrada USB para o veículo todo, um SUV de sete lugares, que obviamente fica na primeira fileira. Os passageiros da segunda e terceira fileira vão precisar se virar com tomadas 12V e 220V, onde só é possível recarregar o celular com um adaptador e velocidade mais lenta.
O ar-condicionado tem saídas no teto para refrescar quem vai nas duas fileiras de trás, mas possui apenas uma zona. O difícil é chegar a um consenso de temperatura ideal com sete pessoas a bordo. A dica é deixar um pouco mais gelado e os mais friorentos vão controlando a intensidade do ar pela abertura da saída de ar.
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Voltando para espaço, são: 4.794 mm de comprimento, 2.745 mm de entre-eixos, 1.855 mm de largura e 1.835 mm de altura. É bom que você seja bom de baliza e tenha paciência para procurar uma vaga no shopping, porque o SUV é quase um barco e não cabe em qualquer vaga.
Na configuração com cinco assentos eretos, sobram 500 litros de porta-malas. Considerando as dimensões, o bagageiro poderia ser um pouco maior, mas não é motivo de crítica já que a Toyota fez uma ótima distribuição de espaço para todos os passageiros. Na configuração de sete lugares, sobram apenas 180 litros.
Até aqui, é possível perceber que o Toyota SW4 oferece espaço e conforto. Em uma viagem curta, só alegria. Porém, em uma viagem mais longa e com todos os assentos ocupados, não sobra espaço para malas. Aí é preciso escolher entre levar sete pessoas sem bagagem ou cinco com mala e cuia.
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Desempenho de aventureiro destemido
O Toyota SW4 não é um SUV esportivo, mas sim um aventureiro para a família. Mais do que isso, é um aventureiro que aguenta qualquer tranco. Não à toa, é construído sobre a mesma estrutura da picape Hilux.
Na reestilização, o motor 2.8 turbodiesel foi recalibrado para ficar mais potente e forte. O SW4 SRX entrega 204 cv, a 3.400 rpm, e 50,9 kgfm de torque, a 2.800 rpm. São mais de 27 cv de potência (15%) e 5 kgfm de torque (11%) de ganho em relação ao SUV antecessor.
Para um veículo com 2.175 kg de peso, é o suficiente para levá-lo de 0 a 100 km/h em 11,8 segundos. Pode não parecer excepcional, mas é. O Commander, com sua estrutura monobloco e mais de 200 kg a menos, leva apenas 0,2 s a menos para cumprir a mesma prova, de acordo com as informações oficiais das fabricantes.
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Na prática, o SW4 não é um SUV forte e até ágil para seu porte, muito porque os quase 51 kgfm de torque são entregues a uma rotação ainda baixa. Apesar do tamanho, as respostas são instantâneas e os 204 cv se encarregam de manter o SUV no embalo.
Mas lembre-se: o SW4 tem dimensões de picape média, sendo grande, largo e alto. Portanto, melhor ponderar ao volante, principalmente nas curvas, pois ele não é como um carro de passeio e inclina sem cerimônias lateralmente.
Por questões de segurança, tenha cautela e deixe para se divertir no off-road, pois ali é seu verdadeiro habitat, passando por cima de pau e pedra. Por isso mesmo, o SW4 não é o tipo de carro que irá te proporcionar a emoção de ter as costas grudadas ao banco ou contornar uma curva colado ao asfalto, mas sim a incrível sensação de chegar a qualquer lugar.
O motorista só tem que voltar a se acostumar com a direção hidráulica. É, o SW4 é roots mesmo. Isso é o que completa a sensação de estar dirigindo uma picape. Há muitos que gostam, principalmente se pensarmos em quem compra esse carro para fazer trilha. Mas, por R$ 375.000, talvez o motorista prefira o conforto da direção elétrica.
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Dirigir o SW4 é experimentar um SUV valente, mas que não vai correr como um leopardo assim que você triscar o pé no volante.
Ele está mais para leão: é o rei da selva, forte, muito imponente e destemido, mas não necessariamente o mais rápido e habilidoso. Sendo mais objetiva, o Toyota SW4 é um verdadeiro SUV raiz, agora com um rostinho mais bonito e elegante do que antes, além de um pouco mais vigoroso.
Motor: motor 2.8 turbodiesel com injeção direta de 204 cv a 3.400 rpm e 50,9 kgfm de torque a 2.800 rpm
0 a 100 km/h: 11,8 segundos
Velocidade máxima: 160 km/h
Peso/potência: 10,7 kg/cv
Peso/torque: 42,7 cv/kgfm
Câmbio: automático, seis marchas
Tração: 4x4 com reduzida, bloqueio de diferencial traseiro e controle de velocidade em descida
Dados técnicos: direção hidráulica / suspensão dianteira: Independente, braços duplos triangulares, molas helicoidais e barra estabilizador e suspensão traseira: Independente, braços duplos triangulares, molas helicoidais e barra estabilizador / freios dianteiros e traseiros a disco ventilado / rodas: aro 18 / pneus dianteiros e traseiros 265/60 / vão livre do solo: 270 mm / ângulo de entrada: 29 graus / ângulo de saída: 25 graus
Consumo: menos econômico que a concorrência
Por outro lado, o consumo do novo SW4 dói no bolso tanto quanto o preço cobrado pela Toyota. O motor 2.8 turbodiesel faz 9 km/litro na cidade e 10,5 km/l na estrada. Como comparação, o Commander registra 10,3 e 12,9 km/l, respectivamente, no Programa de Etiquetagem Veicular do Inmetro.
Mesmo um rival de marca de luxo, como o Land Rover Discovery Sport 2.0 Turbodiesel, chega a 10 km/l na cidade e 13 km/l na estrada, usando um propulsor de 199 cv e 43,8 kgfm, e demandando 8,9 segundos para levar o velocímetro de 0 a 100 km/h.
Independentemente da explicação, que passa pelo fato de ser um SUV mais alto e construído sobre uma plataforma com chassi de longarina, o que importa é que, neste quesito, quem leva a pior é o SW4.
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Tecnologia e equipamentos: sem mimos, mas sem faltar o crucial
O destaque da versão SRX é o pacote Safety Sense, que engloba: sistema de pré-colisão frontal, alerta de mudança de faixa com condução assistida (item bem-vindo em um SUV desse tamanho) e controle de cruzeiro adaptativo. Além de câmera de ré e sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, que vêm de série desde a versão de entrada.
Toyota SW4 SRX 2.8 Turbodiesel Automático 2021 - Itens de série
· Oito alto-falantes, dois tweeters e um subwoofer (Sistema de som JBL®)
· Abertura elétrica do porta-malas com função de memória para ajuste da altura da tampa
· Acendimento automático dos faróis
· Ar-condicionado integrado frio e quente com display digital
· Ajuste elétrico dos bancos de distância, inclinação e altura (Motorista e passageiro)
· Banco traseiro bipartido (60/40), rebatível, reclinável e com descansa-braços
· Bancos dianteiros ventilados
· Coluna de direção com regulagem de altura e profundidade
· Comando interno de abertura da tampa do tanque de combustível
· Compartimento refrigerado no painel
· Computador de bordo com tela de 4,2" de TFT com funções: autonomia, aviso das portas abertas, consumo médio e instantâneo de combustível, distância a percorrer com combustível no tanque, economia realizada, indicador de modo econômico, odômetros total e parcial, temperatura externa, tempo de direção, velocidade média do veículo, visualização do navegador e de áudio
· Console entre os bancos dianteiros com porta-copos, porta-objetos com tampa e descansa-braços
· Acabamento em couro
· Controle adaptativo de velocidade de cruzeiro (ACC)
· Controle de velocidade de cruzeiro
· Desembaçador do vidro traseiro
· Estribos laterais na cor prata
· Faróis com temporizador - Follow Me Home
· Limpador do para-brisa com temporizador de velocidade intermitente
· Luz de leitura individual dianteira em LED
· Modo de seleção de condução Eco / Power / Sport
· Para-sóis do motorista e do passageiro com espelho de cortesia, luz de conveniência e suporte para documento
· Porta-copos no painel (motorista e passageiro)
· Porta-luvas com amortecedores
· Porta-luvas com chave
· Porta-objetos com porta-garrafas nas portas
· Porta-óculos no teto
· Porta-revistas nos bancos dianteiros com ganchos de conveniência
· Relógio digital
· Retrovisor externo, luz interna e de ignição acionadas por controle na chave
· Retrovisor interno eletrocrômico
· Retrovisores externos com regulagem elétrica, rebatimento elétrico, indicadores de direção e iluminação de boas-vindas
· Revestimento dos bancos Couro e Material Sintético
· Saída de ar-condicionado central com difusores no teto e controle de intensidade
· Seletor para troca de tração
· Sistema Multimídia com tela de 8" sensível ao toque, sistema de navegação (GPS)² integrado, TV Digital³, rádio com MP3, câmera de ré instalada na porta da caçamba om visualização na tela, entrada USB, conexão Bluetooth®, conexão para smartphones e tablets através do espelhamento Android Auto® e Apple CarPlay®.
· Smart Entry: sistema inteligente de destravamento das portas por sensores
· Start Button/Push Start: sistema de partida sem chave
· Terceira fileira de bancos rebatíveis
· Tomada de energia (12V) (3)
· Tomada de energia (220 V) na cabine
· Vidros elétricos e sistema de abertura e fechamento por um toque com antiesmagamento
· Volante com paddle shift, comandos integrados de telefone, áudio, vídeo e computador de bordo
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Toyota SW4 vale a pena?
O Toyota SW4 cumpre honrosamente seu propósito de SUV aventureiro de sete lugres. O modelo atende e até supera algumas expectativas no que se trata de espaço interno, desempenho e conforto.
O modelo não se adapta tão bem à cidade quanto um SUV monobloco, mas é útil para famílias grandes que gostam de se aventurar por estradas e campos desse imenso Brasil. O off-road é seu principal habitat. Mas, seja lá ou cá, o modelo não decepciona.
A questão é que o SW4 é ultrapassado facilmente quando falamos em conectividade e itens de comodidade e perfumaria. Ele sequer tem um painel atual, ar-condicionado de duas zonas ou entradas USB para todas as fileiras de assento.
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Quem busca um SUV grande, potente, confiável e bem acertado visualmente, o Toyota SW4 é uma boa pedida. Mas não é a única opção. Então não dá para justificar sair aumentando o valor indiscriminadamente como se dominasse o mercado sozinho.
A menos que o peso do nome Toyota seja crucial para você, deve levar o SW4 sem olhar outras vitrines e testar os concorrentes. O Toyota SW4 vale a pena, só não vale R$ 370 mil.
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A faculdade me fez jornalista, a vida me fez aficionada por carros esportivos e adrenalina. Unindo paixão e profissão, realizo a missão de conectar pessoas com o universo automotivo, mas confesso que já tentei pilotar um kart e não deu muito certo.