Great Wall, a chinesa que faz de SUVs de luxo a cópia elétrica do Fusca

Entenda quem é a fabricante que deve comprar fábrica da Mercedes em Iracemápolis (SP) para investir pesado no mercado brasileiro

LF
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08.07.2021 às 08:00 • Atualizado em 27.08.2021
Entenda quem é a fabricante que deve comprar fábrica da Mercedes em Iracemápolis (SP) para investir pesado no mercado brasileiro

Ao que tudo indica, a Great Wall Motors enfim concretizará o plano de ingressar no mercado brasileiro após um longo namoro que remonta ao começo dos anos 2010. Segundo o jornal O Globo, a fabricante já teria fechado a compra da fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP).

Lá, deve produzir pelo menos dois SUVs com pegada premium – os principais candidatos são o médio Haval H6 e o compacto-médio Haval Jolion – e até uma picape média para concorrer no segmento de Toyota Hilux, Chevrolet S10 e cia. A grande inspiração de sua estratégia de negócios no país é a Caoa Chery, que tende a se tornar sua principal rival.

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Haval Jolion deve ser um dos carros-chefes da marca no país

Mas, afinal, que montadora é essa que leva o nome em inglês do principal cartão-postal da China? Acredite, ela é quase tão gigante quanto as muralhas: uma das cinco maiores montadoras do atual maior mercado automotivo mundial, e detém o topo do ranking chinês em produção de SUVs e picapes. Isso diz muita coisa.

Só em 2020, foram 1,1 milhão de veículos de marcas vinculadas à Great Wall comercializados na China, o equivalente a mais da metade de todo o mercado brasileiro no mesmo período.

Engana-se, porém, quem pensa que se trata de uma empresa estatal. A GWM, na verdade, é uma operação privada, e não só isso: em 2003, tornou-se a primeira fabricante automotora da China a operar em regime de capital aberto, registrando sua Oferta Pública Inicial na Bolsa de Valores de Hong Kong.

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Picape Série P ou Poer é outra forte candidata a ser vendida no Brasil

Atualmente, a companhia coloca em prática um plano de expansão global que passa por mercados emergentes como Brasil, Índia, Rússia e Tailândia. É o primeiro passo de uma estratégia ambiciosa que visa a, em médio e longo prazo, aventurar-se em mercados mais exigentes, como Europa e EUA, tornando-se a maior fabricante de SUVs e picapes no mundo.

Atualmente, a GWM possui três grandes divisões e quatro marcas. Uma delas é a que deve, inicialmente, ser trazida ao Brasil caso a compra do complexo da Mercedes seja concretizada. A segunda é voltada à produção de SUVs de luxo e a terceira, a veículos elétricos. 

Curiosamente, enquanto as duas primeiras ainda conversam com o passado ao investir em produtos a combustão, mas buscam a tão sonhada identidade da indústria automobilística chinesa, a última foca na matriz energética do futuro, porém mantendo velhos vícios de fabricantes chinesas do passado. 

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Haval e Great Wall – SUVs e picapes generalistas e premium

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A traseira do Haval Jolion

Comecemos falando sobre a divisão que mais nos interessa: a das marcas Haval, voltada exclusivamente à produção de SUVs, e Great Wall, que, embora tenha o nome da companhia, é usada somente em utilitários e picapes como a família Série P. Ambas, porém, são geridas pela mesma divisão, denominada Haval.

A linha de SUVs conta atualmente com modelos de diversos tamanhos e proposta, dos quais dois produtos nos interessam em particular: o compacto-médio Jolion e o médio H6.

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Cabine do Haval Jolion surpreende pelo alto padrão de acabamento e tecnologia

O Jolion é um SUV com pouco menos de 4,50 metros de comprimento, porém com generosos 2,70 m de entre-eixos. É o atual modelo de entrada da Haval, que no Brasil concorreria com Jeep Compass, Toyota Corolla Cross e VW Taos.

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Haval Chitu é irmão quase gêmeo do Jolion e também poderia pintar

Seu motor é um 1.5 turbo sem injeção direta que gera mais de 150 cv de potência e 22,4 kgfm de torque. O câmbio é automatizado de dupla embreagem com sete marchas, uma receita muito parecida com a do Caoa Chery Tiggo 5X e Tiggo 7.

Sobre a mesma plataforma, porém, há outro SUV com igual entre-eixos chamado Chitu, que traz sob o cofre uma calibração mais forte do mesmo motor 1.5, com injeção direta, 187 cv e 27,5 kgfm. Só o câmbio é o mesmo DCT7. O Chitu dispõe ainda de uma opção híbrida com 190 cv.

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SUV médio Haval H6 viria para brigar com Toyota RAV4, Chevrolet Equinox e Ford Territory

Já o H6, embora tenha 2 cm a menos de entre-eixos, é um SUV com 4,65 m de comprimento. Seu porte se assemelha de um Toyota RAV4, Chevrolet Equinox ou Ford Territory, SUVs que ainda são homologados para cinco passageiros, mas são maiores que Compass, Corolla Cross e Taos, podendo ser considerados médios.

A família do H6 é formada ainda pelos SUVs F5, M6 F7 e F7x (cupê), tendo esses dois últimos um entre-eixos esticado para 2,72 m. 

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Painel do Haval H6 chama atenção por trazer não só a central multimídia, como também o cluster digital flutuante

Sua motorização utiliza o mesmo trem de força de Jolion e Chitu, porém em uma terceira especificação, de 171 cv e 29 kgfm. Também possibilita o uso de um 2.0 turbo com 227 cv e 39,3 kgfm, e de um conjunto híbrido que gera 243 cv e 54 kgfm.

Por fim, a picape chamada “Série P”, também conhecida como Poer, que tem dimensões levemente maiores que as da Hilux: 5,36 m de comprimento (+4 cm), 1,88 m de largura e altura (+2 cm e +6 cm, respectivamente), e 3,23 m de entre-eixos (+14 cm).

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Picape Poer é ligeiramente maior que a Hilux e aguenta mais de 1 tonelada. Problema é que o motor é fraco para nossos padrões

A boa notícia é que sua capacidade de carga já é de pouco mais de 1 tonelada, o que a permitiria ser vendida no Brasil com motores a diesel. A ruim é que o propulsor 2.0 turbodiesel usado por ela na China rende 163 cv e 40,8 kgfm, bem abaixo do que as rivais existentes mercado brasileiro hoje já oferecem hoje.

Como dissemos antes, a Série P não é vendida sob a insígnia da Haval, mas sim da própria Great Wall. A ver como a fabricante tratará essa diferença em nosso mercado se decidir realmente investir na produção nacional da picape.

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Wey – SUVs de luxo

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SUVs da grife Wey se inspiram nas marcas premium alemãs. Ou vai dizer que este VV7 GT não lembra um BMW X4?

A marca Wey foi criada pela Great Wall em 2016, com foco em produção de SUVs de luxo. O nome homenageia Jianjun Wei, bilionário que é o atual presidente do grupo. A inspiração dos produtos vem das marcas alemãs Audi, BMW e Mercedes-Benz, assim como da britânica Jaguar. 

Os SUVs da Wey aproveitam a mesma plataforma dos irmãos da Haval, porém com visual mais bem elaborado e acabamento interno mais requintado. Por ora, não devemos contar com modelos dessa marca em nosso mercado, mas se a GWM resolver realmente investir no Brasil, quem sabe em um futuro não muito distante...

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ORA – veículos elétricos

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ORA R1 é totalmente inspirado no Honda e

Outra divisão importante da GWM é a ORA, revelada em 2018 e voltada exclusivamente à produção de veículos 100% elétricos. Contudo, enquanto as outras duas marcas parecem mais maduras e já focadas em criar uma identidade própria para os carros chineses, esta ainda cai na vala mais comum da indústria china: o plágio de projetos europeus, japoneses ou coreanos. 

Os carros da ORA recebem o apelido de gatos (“gato negro”, “gato branco”, “gato punk”, “gato luminoso”, “gato bonzinho”, “gato grande” e afins...) e seguem uma miscelânea de propostas de tamanho, posicionamento e design.

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Já o ORA Haomao tem uma pitada de Porsche que seus faróis arredondados e saltados não deixam negar

O hatchback Haomao (Good Cat), por exemplo, apresenta clara inspiração em modelos da Porsche, enquanto o R1 (Black Cat) é uma cópia pouco mascarada do também elétrico Honda e. 

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Em termos de polêmica, porém, nada supera o Punk Cat, elétrico retrô apresentado no Salão do Automóvel de Xangai deste ano que é um plágio descarado do icônico VW Fusca. E que, inclusive, já foi patenteado pela ORA na China e na Europa. 

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Mais Fusca do que o ORA Punk Cat, só o Fusca de verdade

Em seu site oficial, ao comentar a origem do projeto, a Great Wall não faz qualquer menção à VW ou ao Fusca como fonte de inspiração para o Punk Cat. Em vez disso, credita o surgimento do modelo ao trabalho de 11 profissionais chineses das áreas de engenharia e design, como se eles o tivessem criado a partir de uma folha em branco.

A Volkswagen não gostou nada do que viu e avisou que está estudando processar a ORA. “Verificamos esta questão no que diz respeito a quaisquer violações do modelo de utilidade ou direitos de design da Volkswagen AG, e nos reservamos o direito de tomar todas as medidas legais necessárias”, apontou um comunicado da companhia emitido na época do Salão de Xangai. 

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