Ford Ka 1.0 1999 era rei do consumo no Brasil fazendo até 17,4 km/l
Apesar do bom consumo, desempenho era o ponto fraco com 0 a 100 km/h em 17,21 s
O Ford Ka foi lançado no Brasil em março de 1997, e inaugurou o conceito “New Edge” de design, visto posteriormente no Fiesta e Focus. Embora pequeno, o modelo, cujo nome tinha inspiração egípcia, tinha comportamento de carro maior.
Medindo 3,62m, era 20cm menor que o Fiesta, irmão de plataforma, e tinha a mesma largura e o mesmo entre eixos de 2,44m, porém o Ka tinha capacidade para 4 passageiros, que viajavam confortavelmente em seu habitáculo, e o Fiesta, levava 1 passageiro a mais, com um pouco de aperto.
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Do irmão de plataforma vinha também sua mecânica, o motor Endura 1.3 EFI de 60 cv a 5.000 rpm e 10,4 kgfm de toque a 3.500 rpm, capaz de levar o modelo de 0 a 100 km/h em 18,6 s e a 148 km/h de velocidade máxima
Pouco tempo depois, chegava à versão 1.0, coqueluche nos idos dos anos 90. O motor Endura de 1000 cilindradas fornecia 53 cv a 5.200 rpm e 7,86 kgfm de torque a 4.000 rpm, capaz de levar o pequeno notável de 0 a 100 km/h em 19,83 s e 141 km/h de velocidade máxima. Com desempenho muito próximo da versão 1.3, e com preço mais baixo, o principal argumento de venda convencia: o consumo.
Neste quesito, o carrinho era imbatível, tornando-se o modelo nacional mais econômico do mercado, apresentando médias de 13,63 km/l de gasolina na cidade e 18,30 km/l na estrada. Seu irmão de maior cilindrada, era também bastante econômico, mas tinha médias de 12,43 km/l de gasolina na cidade e 16,87 km/l na estrada.
O carro era bonito inovador, e mesmo na versão básica, impressionava. Na traseira, havia um porta-objetos embutido no apoio de braço lateral, capaz de alojar jornais, revistas, bolsas e celulares. No piso, junto ao banco traseiro, havia 2 porta-copos. Seu porta-luvas, giratório, era inovador, e encantava a seus usuários pelas 3 opções de utilização.
Seu porta-malas era compacto, com apenas 186 litros de capacidade, mas seu banco traseiro bipartido em 50/50 aumentava a capacidade de espaço. Suas portas tinham dimensões generosas, o que facilitava o acesso ao banco traseiro, e sua excelente área envidraçada contribuía bastante para a visibilidade do motorista.
Mais soluções, hoje comuns em qualquer veículo, encantavam os proprietários do modelo a exatos 27 anos. Os direcionadores de ar do painel, arredondados, se moviam em todos os sentidos, contribuindo ainda mais para a já boa ventilação que o modelo tinha, e seu relógio analógico opcional, no centro do painel, informava a todos os ocupantes a hora certa. Na versão básica, havia uma tampa com a inscrição Ka.
Falando do sistema de áudio opcional, o modelo trazia um toca-fitas, de fabricação nacional, moldado ao painel inovador. Seu volante, de 2 raios, tinha boa empunhadura, e fascinava seu motorista por sua boa dirigibilidade, principalmente quando se descobria que o modelo era muito ágil, e ao mesmo tempo estável, em curvas acentuadas. O que incomodava, neste mesmo volante, era o acionamento da buzina, que necessitava de mais energia, em muitas das vezes, com a mão fora da posição de condução.
Divulgação/Ford
A posição da coluna de direção, um tanto alta, incomodava quem tivesse mais de 1,75m de altura, e o modelo nunca ofereceu regulagem de altura, nem como opcional. Deixava fora da lista de itens de série e de opcionais a regulagem de altura do banco do motorista. As vezes era difícil achar uma boa posição ao dirigir. Entre mais itens de série, o modelo trazia cintos de segurança dianteiros e traseiros de 3 pontos, vidros verdes, espelho no quebra-sol direito, janelas traseiras basculantes, espelhos retrovisores dos dois lados com regulagem interna manual, encosto do banco traseiro regulável na altura em 2 posições, banco traseiro bipartido, acendedor de cigarros, rodas aro 13 com Supercalotas com pneus 145SR13 e setas no paralamas. O modelo não tinha pintura nos para-choques, maçanetas ou retrovisores.
Como opcionais, ar-condicionado, limpador/desembaçador do vidro traseiro, relógio analógico no painel, limpador e desembaçador do vidro traseiro, aquecedor, vidros elétricos, travas elétricas, chave com luz, rádio toca-fitas e pneus 165/70R13. Eram oito cores disponíveis, sendo as sólidas Vermelho Flórida e Azul Valência, as metálicas Cinza Viena, Azul Turim e Prata Colúmbia e as perolizadas Preto Indy, Vermelho Antilhas e Prata Texas.
O modelo agradou logo de cara, mesmo custando R$ 10.990,00 em maio de 1997, hoje, R$ 57.832,35 de acordo com o índice INPC (IBGE).
A versão CLX ficou em produção até meados de 1999, quando foi substituído pela versão GL IMAGE 1.0, com o novo motor Zetec-Rocam, agora com 65 cv a 6.000 rpm e 8,9 kgfm de torque a 3.250 rpm. O motor foi disponibilizado para todas as versões do Ka, que agora fazia de 0 a 100 km/h em 17,21 s e 151 km/h de velocidade máxima. Seu consumo era um pouco prejudicado, mas a concorrência também buscava potência e sua média de 12,5 km/l de gasolina na cidade e 17,4 km/l na estrada era, nesta época, ainda a melhor do mercado.
O modelo que já tinha eu público cativo ficava melhor de dirigir, mais silencioso e com um desempenho bastante arisco (naquele tempo, é claro). As arrancadas dos semáforos eram mais rápidas, e no geral, o modelo era muito mais ágil.
O primeiro facelift do Ka foi apresentado na linha 2002. Desenvolvido no Brasil, este novo design apresentava na dianteira nova grade e saia remodelados, na traseira, a tampa do porta-malas recebia a placa, antes alocada no para-choque, este com design mais discreto e elegante. Fechando o pacote das mudanças externas, novas calotas e pneus 165-70R13 de série. Eram poucas as mudanças, mas o carrinho chamava a atenção.
Internamente, havia poucas mudanças como tomada 12 volts no lugar do acendedor de cigarros e um novo porta-trecos. O novo estofamento trazia tecidos mais escuros, com design igualmente discreto, e o velocímetro, agora com fundo branco, trazia hodômetro digital e passava a marcar até 999.999,9km. De série, a versão GL Image trazia Direção Hidráulica, limpador e desembaçador do vidro traseiro, vidros verdes, além das calotas integrais.
O carro foi figurinha carimbada nos grandes centros, com executivos que queriam um meio de transporte compacto para locomoção, segundo veículo da casa ou mesmo primeiro veículo de jovens universitários. O modelo 1.0 custava R$ 16.990,00 em jan/2002, ou R$ 69.566,41 de acordo com o índice INPC (IBGE), 4% a mais se comparado à época a linha 2001. Se a opção fosse o modelo 1.6, seu preço era R$ 16.990,00, ou R$ 110.143,40 corrigidos.
Dentre outras versões oficiais e especiais desta primeira geração que saiu de linha em 2007, o modelo teve a MP3, Black, XR (ainda na primeira versão), Street, Action (essa com motor 1.6), mas sobre cada uma delas, eu falarei mais para frente.
"Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua como Consultor Organizacional na FS-França Serviços, e há 21 anos, também como consultor automotivo, ajudando pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação."
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