Por que VW, GM, Toyota e Stellantis colocaram o governo “na parede” contra BYD
Marcas tradicionais cobraram medidas mais enérgicas contra benefícios fiscais
Concorrentes sim, mas com o mesmo objetivo atualmente: pressionar o governo federal contra incentivos fiscais para marcas montarem seus carros aqui no Brasil no regime CKD e SKD. Por isso, General Motors, Volkswagen, Toyota e Stellantis (dona do grupo Fiat, Citroën, Ram, Jeep e Peugeot) se uniram em uma carta endereçada diretamente para o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O documento foi assinado pelos presidentes das marcas e na prática se refere indiretamente à BYD por conta da forma que a marca chinesa vai operar como montadora no Brasil.
Prestes a inaugurar sua fábrica em Camaçari (BA), a BYD vai adorar o sistema de montagem SKD em seu polo, o qual vai receber o carro semidesmontados para serem finalizados em solo brasileiro.
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emelhante a esse sistema, o método CKD recebe o carro desmontado e completa ele no destino de venda. É nesse ponto que as montadoras tradicionais estão batendo, pois enquanto as fabricantes já estabelecidas movimentam toda uma cadeia de produção, a BYD só vai precisar gastar com a etapa de montagem.
Eis o trecho que as marcas cobram:
É nosso dever alertar, Senhor Presidente, que esse ciclo virtuoso de fortalecimento da indústria nacional está sendo colocado em risco e sofrerá forte abalo se for aprovado o incentivo à importação de veículos desmontados para serem acabados no país. Ao contrário do que querem fazer crer, a importação de conjuntos de partes e peças não será uma etapa de transição para um novo modelo de industrialização, mas representará um padrão operacional que tenderá a se consolidar e prevalecer, reduzindo a abrangência do processo produtivo nacional e, consequentemente, o valor agregado e o nível de geração de empregos.
Por uma questão de isonomia e busca de competitividade, essa prática deletéria pode disseminar-se em toda a indústria, afetando diretamente a demanda de autopeças e de mão de obra. Seria uma forte involução, que em nada contribuiria para o nível tecnológico de nossa indústria, para a inovação ou para a engenharia nacional. Representaria, na verdade, um legado de desemprego, desequilíbrio da balança comercial e dependência tecnológica.
Trazemos nossos argumentos à sua análise, Senhor Presidente, na expectativa de que seu governo assegure igualdade de condições na competição pelo mercado, vedando privilégios para a importação de veículos desmontados ou produzidos no exterior com subsídios. Confiamos na sensibilidade de Vossa Excelência para criar e preservar a concorrência e proteger a indústria que produz no Brasil.
Estamos convictos de que, com nossos resultados em novas plantas industriais, em mais empregos, valor agregado e em uma nova geração de veículos cada vez mais sustentáveis e tecnológicos, seguiremos firmes no desenvolvimento econômico e social do Brasil.
Do ponto de vista de mercado, optar por apenas montar os carros em solo brasileiro pode ser uma boa notícia para o consumidor final, que é o mais interessado na compra. Afinal, o custo fica mais baixo e o preço mais competitivo.
Por outro lado, como a própria carta diz, 26 fabricantes instaladas no Brasil e 508 produtores de autopeças, que geram 1,3 milhão de empregos, contando com todo o processo de produção.
Caso esses benefícios sejam confirmados, Volkswagen, Stellantis, General Motors (Chevrolet) e Stellantis deram um recado claro: “Representaria, na verdade, um legado de desemprego, desequilíbrio da balança comercial e dependência tecnológica”.
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