Fiat Argo Trekking 2026 muda e sobrevive com receita extinta por SUVs
Hatch aventureiro tem receita lançada pela Palio Weekend e ganha sobrevida no mercado
Trail, X, Freestyle, Activ, XTR, Cross, Xtreme, X-Way, Outsider, Stepway, Rallye, Urban Trail, Way e Trekking. Sim, os SUVs de outrora, ali pelos anos 2000 e 2010, eram os chamados hatches aventureiros metidos a percorrer estradinhas de (pouca) terra. E olhe lá. Mas faziam sucesso. Tanto que praticamente todas as marcas generalistas entraram na onda. Mas a poeira baixou e, dessas 14 nomenclaturas, restam apenas duas atualmente. E uma delas é Trekking, que permanece na gama e chega com a renovada linha 2026 do Argo. Preço? Mais de R$ 107.000…
A Fiat resolveu pela manutenção da configuração em meio à dizimação dos hatches aventureiros. A explicação pode passar pelo número de vendas. Em 2024, o Argo foi o 4º carro mais vendido do Brasil com pouco mais de 90 mil registros. Este ano os emplacamentos continuam fortes: já são quase 40 mil unidades nos cinco primeiros meses e um forte segundo lugar no ranking dos carros de passeio - só atrás do VW Polo.
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Lançado em 2017, o Argo muda visualmente depois de quase oito anos. Mas bem pouco. Leia-se faróis full-LED para as versões mais caras, Drive 1.3 AT e a topo de linha Trekking, e a assinatura do DRL, que em vez da linha de LED agora tem um formato pontilhado. Ficou mais descolado, porém muito pouco para quase oito anos de espera.
Reprodução/Raphael Parano
O interior, por sua vez, talvez seja o aspecto mais simples do hatch. Há plásticos por todos os lados, sem diferentes texturas ou materiais mais refinados. Nem tecido no painel de portas tem. O volante é novo, mas o pequeno visor TFT de 3,5 polegadas do painel de instrumentos ladeado por mostradores analógicos continua lá. Funciona bem, porém hoje há modelos mais bem mais modernos… E, em tempos de grandes telas multimídias, a do Argo parece a de um gameboy. O sistema Uconnect, por sua vez, dá conta do recado e agora o espelhamento de Android Auto e Apple Carplay não precisa mais de fio.
Reprodução/Raphael Panaro
Em movimento o Argo continua a ser decente. Sem motorização turbo, quem dá as cartas é o quatro cilindros 1.3 Firefly aspirado de até 107 cv e 13,7 kgfm de torque está longe de arroubos esportivos e movimenta o hatch apenas de forma satisfatória, inclusive nas retomadas. São necessários quase 13 segundos para chegar aos 100 km/h…
O motor ainda é ruidoso e transmite bastante barulho para a cabine. “Culpa” também da transmissão automática CVT que, além de não contribuir para uma sensação maior de celeridade, ainda deixa o hatch atingir altas rotações e, consequentemente, mais bramidos para o interior.
Reprodução/Raphael Panaro
Por outro lado, o Argo Trekking é fácil de guiar e, mesmo os pneus de uso misto, não atrapalham no dia a dia. A suspensão consegue lidar bem com buracos e imperfeições sem incomodar o motorista. O resultado é um hatch confortável. A direção, talvez, pudesse ter um peso maior para transmitir mais clareza a quem dirige. E o consumo, na gasolina, é um dos pontos fortes: são 12,8 km/l na cidade e 14,3 km/l na estrada. Com etanol, os números caem para 9 km/l e 10,3 km/l, respectivamente.
O Fiat Argo Trekking 2026 parte de R$ 106.990. Nesse valor o comprador só pode optar pela cor preta Volcano. Se quiser a vermelha Montecarlo (das fotos) ou branca Banchisa são mais R$ 990. O tom mais caro é o cinza Silverstone: R$ 1.990 extras. Ah, o teto é sempre preto independentemente da cor escolhida para a carroceria. A conta pode ficar mais salgada com o único pacote opcional, que adiciona volante e bancos revestidos de couro, ar-condicionado digital e chave presencial. Aí são mais R$ 3.090. Ou seja, o hatch aventureiro pode ultrapassar os R$ 112 mil…
Reprodução/Raphael Panaro
Nem mesmo com esse montante você leva para casa um carro cheio de recursos de segurança. O Argo só vem com o básico. Faltam itens avançados oferecidos em rivais, como frenagem de emergência, mais airbags e alertas de colisão ou de ponto cego.
O outro sobrevivente, claro, é a Outsider que a Renault oferta para o Kwid. Vale lembrar que a mesma Fiat ainda oferece a opção Trekking para o subcompacto Mobi. Mas talvez os carros (e as versões) da marca italiana estejam com os dias contados. Não há nada confirmado, porém os rumores são fortes que o inédito Grande Panda chegue (e tenha produção) no Brasil em 2026. Com isso, seria a pá de cal das nomenclaturas que um dia foram as queridinhas do Brasil.
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