Chevrolet Família II: o lendário motor que guiou a GM por 34 anos

Relembre a história de uma família de motores que equipou do Kadett à S10, e tem tanta fama de valente e robusto quanto os VW AP

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16.03.2023 às 20:00
Relembre a história de uma família de motores que equipou do Kadett à S10, e tem tanta fama de valente e robusto quanto os VW AP

Na década de 1970, a General Motors ainda tinha em sua gama motores com tecnologias antigas, datando do período pós-guerra. A crise do petróleo mudou o cenário automotivo mundial, sacudindo a indústria e acendendo a chama que iluminaria o caminho em busca de tecnologias que tornassem os motores mais eficientes. 

Foi neste cenário que a GM escolheu a Opel, que na época era a representante do grupo na Europa, para capitanear o desenvolvimento de uma nova família de motores, que guiaria o grupo nas décadas seguintes. Os alemães começaram a trabalhar na nova linha, chamada de Família II.

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O primeiro Família 2, 1.6 com carburador

O Família II estreou em 1979, substituindo alguns motores antigos da Opel, entre eles o Opel CIH, que deu origem ao OHC que equipou nossos Chevette. O Família II já nasceu com bloco de ferro fundido e cabeçote de alumínio, além de comando de válvulas sendo acionado por correia dentada. 

Chegou equipando o Opel Kadett D (nosso primeiro Chevette, evoluído em uma geração), o Opel Ascona B (uma geração anterior ao nosso Monza, que não tivemos por aqui) e a primeira geração do Corsa, que também não tivemos por aqui. Além dos seus irmãos correspondentes vendidos pela Vauxhall, montadora inglesa à época pertencente ao grupo que hoje pertence ao grupo Stellantis. 

Na década de 1980, o Família II se espalhou pelo mundo por todas as subsidiárias da GM, como: Holden, Chevrolet, Isuzu e Daewoo, principalmente com o segundo carro global da marca, o Carro J, que chegou aqui com o nome Monza.

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Opel Ascona B: antecessor do nosso Monza e um dos primeiros a usar o Família II

O primeiro Família II era 1.6 carburado de 72 cv de potência e 12,6 kgfm de torque consumindo gasolina, e teve também uma versão a diesel, com 54 cv e 9,6 kgfm. Esse 1.6 a gasolina chegou a equipar o Monza nos primeiros meses de venda aqui no Brasil, incluindo uma versão a álcool, mas era tão fraco que foi logo substituído pelo 1.8 de 86 cv.

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Família 2 diesel podia ter até 83 cv

Nos anos seguintes, foi lançada a versão 2.0, ainda no Monza. Em 1990, chegou o primeiro Família 2 com injeção eletrônica, um 2.0 de 116 cv que equipava o Monza SE 500 EF, batizado em homenagem a Emerson Fittipaldi. 

Ainda nessa época surgiu no Brasil o Kadett E, equipado com o 1.8. Logo depois, o Família II passou a equipar o Omega e o Vectra, chegando a Blazer e S10 em 1995. 

Desde então, a maior evolução do Família II foi em 2008, quando virou bicombustível, sendo rebatizado de Flexpower, além de ganhar cabeçote roletado, tornando-se o famoso 2.4 de 147 cv e 21,9 kgfm, consumindo etanol. Mais tarde a evolução do cabeçote chegou também no 2.0, que equipava Astra e Zafira.

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Monza SE 500 EF: o primeiro Família 2 nacionais com injeção eletrônica

O motor ficou à venda em nosso mercado durante 34 anos e teve diversas versões: 1.6 carburado, 1.8 carburado e EFI, 2.0 EFI e MPFI, 2.2 EFI e MPFI e 2.4 Flexpower, além das especificações 16 válvulas: 2.0, 2.2 e 2.4. Dentre esses, cabe ressaltar o C20XE, que equipava Vectra GSI e Calibra. Tratava-se de um Família 2 2.0 16 v de 150 cv e 20 kgfm. 

O Família II ainda hoje é idolatrado pelo pessoal que gosta de preparação, sendo instalado em diversos modelos da Chevrolet, incluindo Chevette, Corsa, Kadett etc. O motor também foi usado na Fórmula Chevrolet brasileira, na década de 1990.

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Família II C20XE

O último carro de passeio a usar o Família 2 no Brasil foi a Zafira, em 2012, com um 2.0 8V Flexpower de 140 cv. Mas a luz de injeção do Família II só se apagou em definitivo em 2016, quando a S10 parou de ser oferecida com o motor na versão de entrada. 

O último Família 2 do mundo foi o X24XF 2.4 de 147 cv e 24,1 kgfm. Curiosamente, um dos quatro cilindros de oito válvulas aspirados mais potentes da história.

Como proprietário de um Família II há seis anos, posso atestar a robustez e manutenção simples do motor. Sua fama é merecida, para o bem e para o mal. Ok, eu tenho uma Blazer. É muita lata para um 2.4 de quatro cilindros e 147 cv empurrar. Mesmo no Astra o Família II tinha consumo acima da concorrência. 

Por outro lado, é um motor que tem simplicidade e robustez equiparadas ao VW AP. Intercambiável entre grande parte da linha Chevrolet dos últimos quarenta anos, algumas de suas peças surpreendem pelo baixo custo, mesmo originais. 

Como qualquer outra máquina, o Família II requer cuidados. Mas ele não é um filho mimado. Está mais para aquele que fica na dele, brincando sozinho, ainda lava a louça quando você pede.

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S10 Advantage 2016: o último carro a usar o Família II

É preciso negligenciar ao máximo a manutenção e o bom senso para quebrar um Família II. Entretanto, ocorre com frequência, principalmente nas picapes. São comuns relatos de superaquecimento e empeno de cabeçote, calço hidráulico e até quebra de componentes internos. 

Porém, é preciso levar em consideração que a robustez leva o motor até um certo ponto, e a partir desse ponto o uso e a manutenção tem um peso significativo. Mesmo na Blazer o Família II tem um desempenho razoável. Não é rápido, mas não é deprimente na versão flex, com 141 cv à gasolina e 147 cv à etanol.

Por fim, ainda é um motor que se comporta bem quando funcionando com GNV (gás natural veicular), mesmo com os kits mais antigos. Se você busca um carro com motor simples, razoável desempenho em baixas rotações e confiável, os Chevrolet que têm Família 2 podem ser uma boa opção para a sua garagem.

Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.

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Antonio Frauches, engenheiro mecânico e entusiasta do mundo automotivo

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