BYD dá desconto de 34% em seus carros e derruba ações de marcas chinesas
Descontos subsidiados pela marca geram instabilidade no mercado local e dirigentes de outras montadoras citam concorrência desleal
As ações das montadoras chinesas registraram queda significativa após a BYD anunciar, na última segunda-feira (26), incentivos para vender seus carros e colocar a maior indústria automobilística do mundo em alerta. Essa instabilidade derrubou em 8,6% o valor das ações da própria BYD listadas na bolsa de Hong Kong.
A Geely Auto (dona das marcas Zeekr e Volvo), viu as suas ações caírem 9,5%, enquanto Nio e Leapmotor fecharam com queda de 3% e 8,5%, respectivamente.
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Essa guerra de preços, que há anos persiste no mercado chinês, vem se intensificando com os descontos e a oferta de equipamentos, como tecnologias semiautônomas, antes oferecidos apenas em modelos premium.
No caso da BYD, a maior fabricante de automóveis da China anunciou no último fim de semana uma nova rodada de incentivos e subsídios para mais de 20 modelos, que reduziu em 20% o preço inicial do seu carro mais barato, o elétrico Dolphin Mini, para 55.800 yuans (aproximadamente US$ 7.750). A maior redução, de 34%, foi aplicada ao sedan Seal híbrido, que passou a custar 102.800 yuans (US$ 14.270).
No Brasil, o BYD Dolphin Mini custa entre R$ 118.800 (versão de quatro lugares) e R$ 122.800 (cinco lugares), algo em torno de respectivos US$ 20.900 e US$ 21.600, em conversão direta na cotação atual. O Seal, por sua vez, é ofertado somente em versão elétrica por R$ 299.800 (equivalente a US$ 52.685).
De acordo com uma fonte ligada à BYD ouvida pela agência Reuters, os clientes precisam trocar seus carros usados por modelos novos da marca para receber os subsídios. Diante desse cenário, a Geely anunciou incentivos semelhantes para atrair os consumidores.
Chefão da GWM detona concorrentes
O CEO da GWM (Great Wall Motors), Wei Jianjun, alertou na semana passada que essa oferta de subsídios está provocando instabilidade, chegando a dizer à Sina Finance que “agora, a Evergrande da indústria automobilística chinesa já existe, mas não entrou em colapso”, referindo-se à construtora que se tornou o centro de uma crise de liquidez do setor imobiliário e teve a falência decretada em 2024 com dívidas em torno de US$ 300 bilhões.
O executivo não citou nominalmente nenhuma montadora, mas disse que alguns dos principais fabricantes chineses se esforçaram demais para buscar valor de mercado e aumentar o preço de suas ações.Wei acrescentou que a indústria chinesa de veículos elétricos estava passando por um estado de instabilidade devido às grandes perdas e que a guerra de preços por um período prolongado tem afetado a cadeia de suprimentos, uma vez que “os fornecedores têm lutado para sobreviver diante da pressão contínua para baixar os preços e os atrasos nos pagamentos”.
Wei também acusou as montadoras chinesas de economizar em confiabilidade e segurança. “Alguns produtos tiveram os preços reduzidos de 220 mil para 120 mil yuans nos últimos anos. Que tipo de produto industrial pode ser reduzido de 100 mil yuans e ainda ter garantia de qualidade? Isso é absolutamente impossível”, destacou sem citar concorrentes.
Na semana passada, o governo chinês chegou a alertar sobre a concorrência excessiva em alguns setores, dizendo que algumas empresas estavam comercializando seus produtos abaixo do preço de custo, comprometendo a concorrência justa, e alertou que poderia interferir com “medidas corretivas”.
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