Ford Escort Ghia era versão de luxo do hatch que antecipou chegada do XR3

Versão mais completa do hatch oferecia pacote de opcionais raros para a época

LA
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02.07.2025 às 18:36
Versão mais completa do hatch oferecia pacote de opcionais raros para a época

O Ford Escort MK3 foi lançado no Brasil em agosto de 1983 após um processo de tropicalização que durou 2 anos e causou frisson quando chegou aos concessionários da marca por seu estilo notchback (2 volumes e meio), por seu bom acabamento, mecânica moderna e principalmente por ser o primeiro carro mundial da marca fabricado no Brasil, forte argumento nos idos dos anos 80.

Com carroceria de 2 ou 4 portas e nas versões Standart, L, GL e Ghia, o carro mundial da Ford oferecia 3 anos de garantia contra corrosão, 1 ano de garantia sem limite de quilometragem para motor e câmbio, além de ar-condicionado e teto solar opcionais para as versões GL e Ghia, opcionais bastante raros na categoria até então.

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Com motores 1.3 e câmbio 4 marchas para a versão Standart (com a 5ª opcional) e 1.6 de 5 marchas para as versões L, GL e Ghia (opcional no Standart), inaugurou no Brasil o motor CHT, uma evolução dos motores Cléon-Fonte dos Ford Corcel e Del Rey, com melhor rendimento e maior torque em baixa rotação.

Foram modificados o comando de válvulas, além de pistões, novo bloco e novo cabeçote, conseguindo extrair uma curva de torque bem mais plana, privilegiando seu funcionamento em baixas rotações, e tornando-se assim referência em economia de combustível por quase uma década.

Para o Escort, a Weber desenvolveu também à época um novo carburador de corpo duplo, que funcionava tanto em motores transversais ou longitudinais. Denominado DMTB, onde D significava duplo, M manual, T transversal e B Brasil, este carburador possibilitou à Ford equipar também as linhas Corcel/Del Rey/Pampa com o novo motor CHT logo após o lançamento do Escort. O motor 1.3 equipava Escort e Corcel, enquanto a versão 1.6 equipava Escort, Corcel, Belina, Del Rey, Scala e Pampa.

Além do moderno sistema de ajuste automático da folga da embreagem deste novo motor, que eliminava a necessidade de constantes regulagens, o Escort tinha suspensão independente nas quatro rodas, elogiada por sua maciez e criticada pelos apressadinhos que gostavam de contornar as curvas em alta-velocidade.

O Escort desbancava até mesmo o Ford Corcel no quesito manutenção, com trocas de óleo realizadas a cada 10.000 km (até então o padrão era 5.000 km), e sem a necessidade de troca de óleo do câmbio, que usava óleo do tipo long-life. Seus pneus eram exclusivos do Ford na pedida 165SR13, que garantiam o conforto em sua rodagem.

Em seu primeiro teste para a Revista Quatro Rodas, motor de 1,6 litro a álcool com 73 cv a 5.200 rpm e 11,6 kgfm de torque a 3.600 rpm fez de 0 a 100km/h em 13s 58 e atingiu 160,714 km/h de velocidade máxima. O que impressionou foi seu consumo, fazendo 9,63 km/l no circuito urbano e 14,59 km/l no circuito rodoviário, com velocidade média de 80 km/h. A 100km/h, ainda tinha média excelente de 12,20 km/l.

A versão 1.3 também foi testada pouco tempo depois, e seu motor a etanol de 62,8 cv a 5000 rpm com 10,5 kgfm de torque a 2.800 rpm foi capaz de levar o Escort de 0 a 100 km/h em 18s 22 e atingiu 149,377 km/h de velocidade máxima. Fez 9,07 km/l no circuito urbano e 13,98 km/l no circuito rodoviário, com velocidade média de 80 km/h. A 100 km/h, ainda tinha média de 10,93 km/l. Com médias inferiores ao 1.6, a versão não sobreviveu mais que 1 ano e meio em produção.

A versão Ghia, a mais luxuosa da gama, era um luxo a parte. Oferecido das versões de 3 ou 5 portas, era ágil, mas também muito econômico. Em teste pela Revista Quatro Rodas de novembro de 1983, a versão a gasolina surpreendeu o então jornalista Emílio Camanzi. Seu motor 1.6 fornecia 65,1 cv a 4800 rpm e 10,8 kgfm de torque a 2400 rpm, alimentado por um carburador de corpo duplo e fluxo descendente, e apresentou um consumo de 11,5 km/l na cidade e 16,89 km/l na estrada, números bons até mesmo para os dias de hoje. A limitação de potência era sentida no desempenho, fazendo de 0 a 100 km/h em 15,98s e chegando a apenas 156,5 km/h de velocidade máxima, mas, para os idos de 1983, eram números muito aceitáveis.

A versão se diferenciava da GL no logotipo alocado na traseira e paralamas, frisos cromados que acompanhavam faróis e grade na dianteira e lanternas traseiras, além das calotas integrais, com perfil mais aerodinâmico.

O modelo trazia como itens de série motor 1.6, câmbio de 5 marchas, travas elétricas para as portas (incluindo a do porta-malas) com acionamento pela porta do motorista (não existia ainda o controle remoto), vidros elétricos nas portas dianteiras, descansa braços e porta mapas nos forros de porta dianteiros, comando interno dos retrovisores externos, rádio AM/OC/FM estéreo com 4 alto-falantes, antena, limpador e desembaçador traseiro, vidros verdes além de conta-giros no painel de instrumentos e relógio digital com cronômetro alocado junto ao retrovisor interno. Como opcionais, teto solar, dois modelos de rádio AM/OC/FM estéreo com toca-fitas, porta-fitas no console, ar-quente e ar-condicionado, este, muito raro nos anos 80. Era caro, custando, sem opcionais, Cr$ 6.825.257,00 em outubro de 1983, ou R$ 128.607,99 hoje pelo índice INPC.

Sua suspensão era bem macia, elogiada pelos motoristas menos apressados, e criticada pelos mais apressadinhos, e seu motor, mesmo limitado, trazia torque o suficiente para uso em cidade sem muitas reduções.

Com um pouco mais de torque que a versão a gasolina, o modelo impressiona quando entramos em uma esquina de 90º usando a terceira marcha, sem necessidade de redução, e com o motor pronto para responder ao acelerador sem reclamar. Aliás, este motor tem a mesma potência de um Firefly 1.0 3 cilindros modernos, e consegue acompanhar o trânsito de hoje sem dificuldades.

Em dezembro de 1983, foi lançada a versão XR3, um cobiçado esportivo com motor recalibrado, intitulado motor CHT HP (High Performance), mas esta história, eu contarei mais para frente.

"Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua como Consultor Organizacional na FS-França Serviços, e há 21 anos, também como consultor automotivo, ajudando pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação."

https://www.instagram.com/autosoriginnais

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