Como a tragédia no Rio Grande do Sul mudou operação das montadoras no Brasil

Fabricantes já se organizam por conta do desastre ambiental e promovem ações para o socorro das vítimas

Vinicius Moreira
Por
21.05.2024 às 12:14 • Atualizado em 29.05.2024

A tragédia no Rio Grande do Sul mobilizou o Brasil, que faz uma série de ações para acolher os desabrigados e enviar mantimentos para todas as vítimas da região. Além da população, uma série de empresas foram afetadas, sejam elas de pequeno, médio ou grande porte. Mas como isso mudou a operação das montadoras no Brasil?

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Embora boa parte das fabricantes de automóveis estejam alocadas em São Paulo, a cadeia colaborativa para a produção de veículos no Brasil fica espalhada por diversos estados. E o sul do país é uma das regiões que fornecem peças e outros itens para a confecção de carros em território nacional.

A estratégia das marcas teve que mudar por causa do desastre ambiental. Afinal, as montadoras não queriam frear o crescimento do mercado neste ano.

A Chevrolet foi a mais prejudicada nesse sentido, por ser a única fabricante do Brasil com unidade fabril no Rio Grande do Sul, mais precisamente em Gravataí. Vale lembrar que a cidade, próxima da capital Porto Alegre, também foi atingida por conta das enchentes. Lá são feitos Onix e OnixPlus.

A seguir detalhamos como as montadoras mudaram o comportamento e tem apoiado as vítimas da tragédia.

Chevrolet

Além do Onix hatch e o Plus, o Brasil recebe oChevroletCruze, que é produzido na unidade da GM em Santa Fé, na Argentina. A montadora não detalhou como serão os planos a partir de agora, mas emitiu uma nota:

“Devido ao desastre ambiental que assola o Estado do Rio Grande do Sul provocado pelas enchentes, a fábrica da GM em Gravataí (RS) permanecerá parada com day off até 17 de maio, como medida para priorizar a segurança dos seus empregados. A empresa também tem trabalhado em conjunto com o Instituto GM e voluntários para apoiar empregados atingidos e a comunidade com doações financeiras, alimentos, itens de higiene, limpeza e roupas. Além disso, disponibilizamos veículos para atuar nas operações de resgate.”

Stellantis

Apesar do grande conglomerado de marcas, a Stellantis não possui nenhuma unidade no Rio Grande do Sul. Entretanto, o Fiat Cronos é fabricado em Ferreyra, em Córdoba, na Argentina, e o Peugeot 208 em El Palomar, também em solo argentino.

“A Stellantis acompanha com consternação e se solidariza com as vítimas das inundações que assolam o Rio Grande do Sul.

O impacto sem precedentes da catástrofe em todo o sistema logístico de transporte e fornecimento de componentes somou-se à paralisação do órgão responsável pela emissão das licenças ambientais exigidas pela legislação vigente. A Stellantis prioriza, sempre, a segurança de seus empregados e fornecedores. Assim, a empresa precisou paralisar pontualmente a produção no Polo Automotivo da Stellantis em Córdoba, na Argentina, e segue analisando a necessidade de novas paradas em suas unidades na região.

A Stellantis se mobilizou com doações de kits de higiene e kits dormitório e, juntamente com seus funcionários, concessionários e consumidores de suas marcas, auxilia com a arrecadação de mantimentos e recursos a serem destinados aos órgãos e entidades oficiais definidos pelo governo local."

Volkswagen

Além dos efeitos pelo desastre ambiental no sul do país, a Volkswagen ainda tem a produção do VW Taos e da VW Amarok em General Pacheco, na Argentina.

“Em função das fortes chuvas que acometem o estado do Rio Grande do Sul e o povo gaúcho, alguns fornecedores de peças da Volkswagen do Brasil, com fábricas instaladas no estado, estão impossibilitados de produzir nesse momento. Por esse motivo, a Volkswagen do Brasil protocolou férias coletivas de forma preventiva para as fábricas Anchieta, Taubaté e São Carlos, que poderão entrar em férias coletivas a partir de 20 de maio, com o atual cenário. Anchieta e Taubaté devem ter 10 dias de férias coletivas. A fábrica de motores de São Carlos deverá ter férias de 11 dias para parte do time de produção. A fábrica de São José dos Pinhais, neste momento, seguirá produzindo normalmente. A Volkswagen do Brasil se solidariza com o povo sul-rio-grandense e reforça sua convicção de que a reconstrução desse estado será realizada com a mesma grandeza dos gaúchos”.

Ford

A montadora americana possui uma unidade em General Pacheco, na Argentina, onde produz para o mercado da América do Sul a Ford Ranger. Entramos em contato com a assessoria para um posicionamento sobre o desastre ambiental e consequências do ocorrido para a marca. No entanto, a montadora não informou até que ponto o ocorrido afetou sua operação.

Assim como outras fabricantes, a montadora mobilizou esforços para ajudar as vítimas das enchentes por todo o estado gaúcho.

A Ford uniu esforços com a Cruz Vermelha e a Aldeias Infantis SOS para ajudar a população atingida pelas enchentes no Rio Grande do Sul com uma série de ações. Como parte da campanha SOS Rio Grande do Sul, a empresa fez uma doação de US$ 50 mil e está realizando o empréstimo de veículos para essas organizações, além de promover a arrecadação de água, alimentos, itens de higiene e roupas em parceria com colaboradores e sua rede de concessionárias.

Toyota

Toyota Hilux e SW4 são produzidos em Zárate, na Argentina. No entanto, a montadora já foi afetada por ter um centro de distribuição localizado em Guaíba (RS). A marca afirma que já retornou com as atividades no local.

“A Toyota do Brasil atua ativamente no apoio à população do Rio Grande do Sul, somando esforços nessa grande mobilização pela segurança, acolhimento e proteção das pessoas atingidas pelas inundações.

Operacionalmente, o Centro de Distribuição da Toyota localizado em Guaíba (RS) volta a operar normalmente dia 15/05. Atualmente há 1.100 veículos (Toyota Hilux e Toyota SW4) importados da Argentina nas instalações, dos quais apenas 10 foram danificados pela enchente. Como medida preventiva para evitar atrasos aos clientes, a fabricante vai temporariamente alterar o destino dos embarques de seus produtos produzidos na Argentina de Guaíba (RS) para Vitória (ES). Com isso, na próxima semana 2.200 Toyota Hilux e Toyota SW4 serão embarcados por via marítima para o porto de Vitória.

AJUDA À POPULAÇÃO

A Toyota, sua empresa de mobilidade KINTO, o Banco Toyota e a Fundação Toyota estão envolvidas em diversas frentes para ajudar a população do Rio Grande do Sul. Até o momento, essa corrente do bem conseguiu doar 200 colchões, 550 cobertores, disponibilizar duas Hilux para auxiliar nas operações de resgate e apoio logístico, distribuir kits higiene, entre outras ações.

Os próximos passos da empresa incluem a distribuição de cestas básicas em uma ação que envolve doações pessoais e corporativas, e que está sendo liderada pela Fundação Toyota. Ainda como parte desta ação, o Toyota Corolla número 81 da TOYOTA GAZOO Racing na Stock Car, do piloto gaúcho Arthur Leist, terá uma testeira com mensagem em apoio às vítimas do Rio Grande do Sul e um QR Code para doações na etapa de Cascavel (PR), nos próximos dias 18 e 19 de maio.

A Toyota reforça que seguirá engajada na recuperação e reconstrução do Rio Grande do Sul. E que oferece todo apoio e suporte aos seus funcionários para que, junto a seus familiares, se mantenham em segurança e, posteriormente, consigam se restabelecer.”

Nissan

A Nissan possui uma unidade fabril na cidade argentina de Córdoba. Por lá, a montadora produz a Nissan Frontier que é vendida por aqui. Em contato com a assessoria da marca, foi confirmado que a operação da fabricante não foi afetada, pois as unidades da picape são importadas via transporte marítimo para o Brasil.

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Encontrou no jornalismo uma forma de aplicar o que mais gosta de fazer: aprender. Passou por Alesp, Band e IstoÉ, e hoje na Mobiauto escreve sobre carros, que é uma grande paixão. Como todo brasileiro, ainda dedica parte do tempo em samba e futebol.

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