BYD e GWM podem ser processadas no Brasil pelo preço de seus carros

Marcas chinesas podem enfrentar disputa com Anfavea por suspeita de dumping

Renan Bandeira
Por
28.01.2025 às 11:40 • Atualizado em 25.04.2025

A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) pode entrar com processo contra BYD e GWM por uma possível prática de dumping, no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).

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A informação foi publicada primeiramente pela jornalista Cleide Silva, do Estadão, nesta terça-feira (27). Para entender melhor, “dumping” é uma prática ilegal no Brasil, que segue a recomendação da Organização Mundial do Comércio (OMC). E, de uma maneira geral, significa vender um produto abaixo do custo de produção.

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É como se as empresas estivessem escolhendo ter prejuízo em cada unidade vendida para ganhar mais vendas e, consequentemente, mais representatividade no mercado.

Vale ressaltar que ainda não existe uma ação, de fato, da Anfavea contra as marcas chinesas, que além de ter como principais alvos BYD e GWM, pode ter o efeito cascata incluindo ainda empresas que produzem caminhões, ônibus e máquinas.

A reportagem da Mobiauto procurou a Associação das Fabricantes para explicar sobre o caso. O presidente da entidade, Márcio de Lima Leite, explicou que “há estudos de mercado em andamento”. E conclui esclarecendo que a “Anfavea defende a livre concorrência e a prevenção de práticas que prejudiquem o mercado automotivo brasileiro, zelando pelos clientes, empregados, concessionários, fabricantes e indústria de autopeças.”

Já GWM e BYD negam irregularidades nas vendas de seus carros aqui no Brasil. A BYD afirma que está comprometida com a ética e transparência de suas práticas comerciais, enquanto a GWM diz ver com tranquilidade a ação por seguir as regras internacionais e da legislação brasileira.

Em nota, a BYD ainda esclarece estar comprometida “com o desenvolvimento da indústria automotiva brasileira que, por décadas, foi deixado em segundo plano pelas montadoras tradicionais que tentam de todas as formas utilizar artimanhas para esconder a falta de competitividade.”

E a GWM se apoia na contratação de funcionários para produção de sua fábrica em Iracemápolis (SP). “A empresa está aumentando o ritmo de contratações no Brasil visando o início de produção dos seus primeiros carros eletrificados na fábrica de Iracemápolis, no interior de São Paulo, prevista para o primeiro semestre deste ano.”

Vale ressaltar que ambas as marcas já contam com fábricas no Brasil. GWM e BYD pretendem iniciar a produção de veículos híbridos e elétricos em nosso mercado ainda neste ano. No entanto, os preços competitivos aplicados pelas marcas chinesas têm incomodado as 25 fabricantes associadas à Anfavea.

No último ano, a BYD foi responsável por 76,8 mil emplacamentos de elétricos e híbridos, contra 29,2 mil da GWM. Juntas, as marcas contam com mais de 80% do segmento. No último ano, a BYD já vendeu mais que Peugeot e Citroën.

Os três posicionamentos podem ser vistos na íntegra no fim deste artigo.

Posicionamento BYD:

“A BYD do Brasil reafirma seu compromisso com a ética e a transparência em suas práticas comerciais. Negamos categoricamente qualquer prática de dumping na venda de nossos veículos no Brasil. Nosso foco está em oferecer produtos de qualidade e sustentáveis, alinhados às normas de mercado e legislações vigentes. Estamos construindo em Camaçari, na Bahia, o maior complexo industrial da companhia fora da China. A BYD é agora uma empresa brasileira, voltada a trazer inovação e produtos de alta qualidade para os consumidores. Estamos comprometidos com o desenvolvimento da indústria automotiva brasileira que, por décadas, foi deixado em segundo plano pelas montadoras tradicionais que tentam de todas as formas utilizar artimanhas para esconder a falta de competitividade.

Posicionamento GWM:

“A GWM informa que vê a ação com tranquilidade, pois segue estritamente as regras internacionais e a legislação brasileira para comércio exterior. Além disso, a empresa está aumentando o ritmo de contratações no Brasil visando o início de produção dos seus primeiros carros eletrificados na fábrica de Iracemápolis, no interior de São Paulo, prevista para o primeiro semestre deste ano.”

Posicionamento do presidente da Anfavea, Márcio e Lima Leite:

“Há estudos de mercado em andamento. A Anfavea defende a livre concorrência e a prevenção de práticas que prejudiquem o mercado automotivo brasileiro, zelando pelos clientes, empregados, concessionários, fabricantes e indústria de autopeças.”

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Formado em mecânica pelo Senai e jornalismo pela Metodista, está no setor há 5 anos. Tem passagens por Quatro Rodas e Autoesporte, e já conquistou três prêmios SAE Brasil de Jornalismo. Na garagem, um Gol 1993 é seu xodó.

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