Toyota Corolla Cross Hybrid: SUV anda bem e é econômico mesmo lotado?

Utilitário esportivo híbrido se destaca por ser econômico como um hatch 1.0 na cidade. Mas e na rodovia, com cinco adultos a bordo e porta-malas cheio?
Renan Bandeira
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16.08.2021 às 18:00
Utilitário esportivo híbrido se destaca por ser econômico como um hatch 1.0 na cidade. Mas e na rodovia, com cinco adultos a bordo e porta-malas cheio?

A Toyota entrou de vez no mercado de SUVs ao apresentar o Corolla Cross O objetivo da marca japonesa é desbancar o líder absoluto do segmento de compactos-médios, Jeep Compass, sem dar chances ao novato Volkswagen Taos.

O plano parece estar dando certo. Em julho, o Corolla Cross emplacou 5.068 unidades no mercado brasileiro, número bem próximo aos 6.670 exemplares do Compass. 

E com a vantagem de ter vendido quase 100% desse volume no varejo, enquanto o percentual do Compass não chega a um terço, com predominância discrepante das vendas diretas.

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Utilitário esportivo híbrido se destaca por ser econômico como um hatch 1.0 na cidade. Mas e na rodovia, com cinco adultos a bordo e porta-malas cheio?

Ao seu favor, o Toyota tem a boa reputação e fidelidade dos clientes da marca, além de carregar o nome do legendário sedan, com quem compartilha ainda a plataforma TNGA-C e os motores 2.0 flex e 1.8 híbrido flex.

As duas opções já foram testadas pela Mobiauto no lançamento, em março, quando contamos todas as novidades, itens de série, versões e dimensões. Clique aqui para saber mais do 2.0 flex ou aqui para saber mais do híbrido.

Desta vez, o teste é um pouco diferente. Deixamos a reputação de lado para avaliar como o Corolla Cross XRX híbrido se comporta em uma viagem de quase 400 km, levando cinco pessoas adultas a bordo e com o porta-malas cheio. 

Utilitário esportivo híbrido se destaca por ser econômico como um hatch 1.0 na cidade. Mas e na rodovia, com cinco adultos a bordo e porta-malas cheio?

Afinal, se o Corolla Cross Hybrid já ganhou fama de ser tão ou até mais econômico do que um hatch compacto com motor 1.0 aspirado na cidade, também tem sido alvo de reclamações pela falta de desempenho. Será que o SUV aguenta o tranco?

Preço: Corolla Cross Hybrid XRX - R$ 188.590

Condições do teste: carro abastecido com etanol; percurso de cerca de 372 km - ida e volta entre Mauá (SP) e Aparecida (SP), sendo 95% do trajeto em estrada; porta-malas com aproximadamente 50 kg de “bagagem”.

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Conforto para levar bem até quatro passageiros

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Escolher um carro para a família é complicado, ainda mais quando o objetivo é carregar cinco adultos. Em nosso teste, o Corolla Cross mostrou que tem porte para levar confortavelmente quatro adultos. Só o quinto ocupante, do assento central, passa alguns apertos.

São dois problemas. O primeiro é que o console central invade consideravelmente a segunda fileira de bancos. Mesmo um usuário de baixa estatura - no caso, minha mãe, com 1,67 m - fica com os joelhos pressionados desconfortavelmente contra a peça, que ainda passa a ficar com as saídas de ar-condicionado tapadas.

Nem mesmo o túnel central quase plano ajudou a reduzir o desconforto. Para resolver isso, o jeito foi compartilhar um pouco o assoalho dos passageiros ao lado para apoiar os pés.

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O segundo problema é que os três passageiros da fileira de trás esbarram os braços constantemente. Muito disso por causa da largura do SUV, que é a menor da categoria.

Dimensões: 4.460 mm de comprimento, 2.640 mm de entre-eixos, 1.825 mm de largura, 1.620 mm de altura, 440 litros de porta-malas, 1.450 kg de peso, 36 litros de tanque de combustível.

Exceto essas questões, o Corolla Cross vai bem. Na fileira de trás, ele tem um amplo espaço para os joelhos de quem senta ao lado das portas, além de boa distância entre a cabeça e o teto para todos os ocupantes e banco com bom nível de maciez.

Utilitário esportivo híbrido se destaca por ser econômico como um hatch 1.0 na cidade. Mas e na rodovia, com cinco adultos a bordo e porta-malas cheio?

Já na parte da frente, o motorista ajusta o assento e o encosto do banco com controles elétricos, mimo exclusivo da versão de topo, XRX. Junto da regulagem de altura e profundidade da coluna de direção, é fácil encontrar uma posição confortável para dirigir. Já o copiloto tem que ajustar a altura do seu banco manualmente.

A suspensão cumpre bem seu papel. Fomos premiados com um bom asfalto no trajeto de ida e volta, que não permitiu colocar os conjuntos para trabalhar em maiores imperfeições, mas o SUV absorve bem os sobe-desce da via e é confortável. Há apenas uma característica incômoda, que mencionaremos mais abaixo.

O porta-malas, com 440 litros, é relativamente generoso e possui um desenho simples, o que permite que se aproveite quase todo o volume.

Utilitário esportivo híbrido se destaca por ser econômico como um hatch 1.0 na cidade. Mas e na rodovia, com cinco adultos a bordo e porta-malas cheio?

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Apenas o ruído dentro da cabine que incomodou. Em velocidades mais altas, o som da rolagem dos pneus e do vento é elevado. Depois de um tempo, percebi que o barulho não vinha dos vidros, que são bem vedados, mas sim do teto solar.

O equipamento tem um sistema de abertura diferente. Geralmente, vemos o teto de vidro subir e ficar sobre a lataria do veículo. Entretanto, o do Corolla Cross fica embutido na carroceria.

Utilitário esportivo híbrido se destaca por ser econômico como um hatch 1.0 na cidade. Mas e na rodovia, com cinco adultos a bordo e porta-malas cheio?

Quando o teto convencional é fechado, o vidro vem de cima para baixo como uma espécie de tampa. Dessa forma, o vento, contornando a aerodinâmica da carroceria, acaba por pressionar a peça para baixo e melhorar sua vedação.

No caso do Toyota, o sistema é inverso. Como seu fechamento é de baixo para cima, a corrente de ar pressiona o vidro e abre pequenas brechas para o ar entrar, É daí que vêm os ruídos.

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Desempenho e dirigibilidade: para ir com calma

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Entenda: o Corolla Cross não terá o desempenho dos concorrentes turbo e nem mesmo do irmão 2.0 flex. A proposta da configuração híbrida flex é diferente e preza pela economia de combustível, então é importante ter paciência.

Com o carro pesado, o propulsor 1.8 aliado ao elétrico de tração, com 123 cv combinados, mostrou a falta de fôlego nas acelerações e retomadas. Nessas situações, não adianta afundar o pé no acelerador esperando uma resposta rápida, que não vai acontecer e ainda vai comprometer o consumo.

A melhor pedida é dosar o pé e deixar o SUV ganhar velocidade gradualmente, principalmente para manter um gasto comedido de combustível.

Motorização e desempenho: motor 1.8 quatro-cilindros flex a combustão de ciclo Atkinson, 16V, VVT-i, DOHC, 98/101 cv (a 5.200 rpm) com gasolina/etanol e 14,5 kgfm (a 3.600 rpm) com qualquer combustível; motor elétrico de 72 cv e 16,6 kgfm; potência combinada: 123 cv; torque combinado: não divulgado. Câmbio transeixo que emula CVT. Tração dianteira. 0 a 100 km/h em 13 s.

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Você pode optar pelos modos Eco, EV ou Power. O primeiro deixa o carro mais amarrado, priorizando o consumo; o segundo é para usar apenas o motor elétrico em situações muito pontuais de acelerações ou retomadas; o terceiro dá uma dinâmica de condução mais esperta, mas o carro fica mais beberrão.

Utilitário esportivo híbrido se destaca por ser econômico como um hatch 1.0 na cidade. Mas e na rodovia, com cinco adultos a bordo e porta-malas cheio?

O melhor a fazer é administrar as opções: usar o Eco em trechos urbanos para poupar combustível e o Power em momentos na rodovia nos quais o SUV precisa ser mais ágil, como para fazer uma ultrapassagem.

Mas não se engane: o modo mais esportivo não deixará o carro com a agilidade de menino. O motor híbrido alimenta a alma de “vovô” do Corolla Cross.

Até as suspensões indicam a proposta mais comportada do SUV. Ajustadas para o conforto, elas são mais molengas e deixam a carroceria inclinar demasiadamente. Isso prejudica a estabilidade em curvas mais rápidas, reforçando que a rodagem do Corolla Cross tem de ser mansa.

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Dados técnicos: direção elétrica progressiva; tração dianteira; suspensão dianteira McPherson e traseira por eixo de torção; freios dianteiros a discos ventilados e traseiros a discos sólidos; 11,2 m de diâmetro de giro; Cx não divulgado; 161 mm de vão livre do solo; 21° de ângulo de ataque; 10° central e 36° de saída; 400 kg de carga útil; pneus 225/50 R18. 

Utilitário esportivo híbrido se destaca por ser econômico como um hatch 1.0 na cidade. Mas e na rodovia, com cinco adultos a bordo e porta-malas cheio?

Já que estamos falando de dirigibilidade, um ponto positivo vai para a assistência elétrica progressiva da direção, que é leve para manobras dentro da cidade e mais firme na estrada. 

Outro destaque interessante está no assistente de mudança de faixa, que avisa com alerta sonoro e visual no painel de instrumentos e, se não houver reação do motorista, corrige o posicionamento do veículo de forma sutil, sem assustar o condutor como o Jeep Compass.

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Consumo: aproveitamento máximo

Utilitário esportivo híbrido se destaca por ser econômico como um hatch 1.0 na cidade. Mas e na rodovia, com cinco adultos a bordo e porta-malas cheio?

Chegamos à principal qualidade do Corolla Cross: o consumo. O SUV da Toyota realmente parece valorizar cada gota de gasolina ou etanol depositados no tanque. De acordo com os dados do Inmetro, são 11,8 km/l na cidade e 9,6 km/l na estrada com etanol, sendo 17 km/l na cidade e 13,9 km/l na estrada com gasolina.

Consumo: 11,8 km/l na cidade e 9,6 km/l na estrada com etanol; 17 km/l na cidade e 13,9 km/l na estrada com gasolina.

Se os números já são surpreendentes e de fazer inveja a muito 1.0 por aí. Em nossa avaliação, acredite, mesmo com o carro lotado, o consumo do Corolla Cross foi além! Abastecido com etanol, o SUV fez 11,8 km/l em ciclo praticamente todo rodoviário.

Utilitário esportivo híbrido se destaca por ser econômico como um hatch 1.0 na cidade. Mas e na rodovia, com cinco adultos a bordo e porta-malas cheio?

No entanto, para chegar a essa marca, foi necessário se adaptar ao funcionamento do veículo. Um dos truques para melhorar o consumo é deixar o SUV ganhar velocidade gradativamente e mantê-lo em velocidade de cruzeiro. Assim, o motor elétrico também atua e ajuda na economia.

Só não espere ter uma autonomia de veículo a diesel. Apesar dessas marcas de consumo, o tanque de combustível do Corolla Cross tem ínfimos 36 litros de volume, menos até do que os 43 litros do Corolla sedan híbrido flex.

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E aí, ele anda bem e é econômico?

Utilitário esportivo híbrido se destaca por ser econômico como um hatch 1.0 na cidade. Mas e na rodovia, com cinco adultos a bordo e porta-malas cheio?

Andar rápido não é muito a onda do Corolla Cross híbrido. O motor 1.8 híbrido flex de ciclo Atkinson não tem fôlego para entregar o desempenho dos motores turboflex de Compass ou Taos, por exemplo. Ele cumpre seu papel com agilidade decente para a cidade e sôfrega na estrada.

Em contrapartida, o SUV confirmou que a economia é o seu forte. Mesmo em rodovia e lotado de gente e bagagem, ele registrou quase 12 km/l com etanol. Em tempos em que os combustíveis estão tão caros, uma média assim pode valer bem mais que o desempenho de um esportivo.

Imagens: Renan Bandeira / Imagem abre: Fernanda Pardo / Arte placas: Kleber Silva

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