Renault Duster, Oroch e até Nissan Kicks usarão câmbio polêmico do Kardian
O Renault Kardian foi apresentado globalmente na última semana e ressuscitou uma antiga polêmica: o câmbio automatizado. A Renault fez questão de tratá-lo como câmbio automático, uma caixa chamada pela fabricante de EDC. No entanto, apesar de distante de caixas como I-motion e Dualogic, o câmbio do Kardian é automatizado de dupla embreagem.
Esse tipo também teve sua imagem queimada no Brasil graças ao Powershift, utilizado pela Ford, além da caixa DSG da Volkswagen – menos traumática, mas também com seus crônicos probleas. No entanto, o sistema do Renault Kardian se difere por ser banhado a óleo, o que tende a amenizar problemas e prolongar a vida útil do câmbio.
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No entanto, o Kardian não estará sozinho nessa polêmica. A Mobiauto apurou que o câmbio, que atende pelo código interno DW23 e tem seis marchas, estará nos Renault Duster e Oroch, além da nova geração do Nissan Kicks. Inicialmente, sempre ligado ao motor 1.0 TCe turbo flex de até 125 cv de potência e 22,4 kgfm de torque com etanol.
Essa estratégia não é nova: visa a compartilhar componentes para reduzir os custos de produção, aumentando a margem de lucro de cada um dos produtos envolvidos. E demonstra o estreitamento da aliança Renault-Nissan também no Brasil. Afinal, o motor 1.0 turbo será produzido pela Horse no Paraná e aproveitado pelas duas marcas.
Depois do Kardian, que estreia em março de 2024, o Duster será o segundo produto do grupo a adotar o trem de força 1.0 turbo EDC, na segunda metade do mesmo ano. A novidade chegará no momento em que o SUV receberá a atualização de meia vida para sua atual geração nacional, conforme antecipado pela Mobiauto em abril de 2022.
Já o Nissan Kicks adotará o conjunto no começo de 2025, momento em que ganhará sua segunda geração no Brasil. Além do motor 1.0 turbo com câmbio de dupla embreagem, o SUV da marca japonesa deve adotar o conjunto 1.3 TCe CVT de até 170 cv de potência e 27,5 kgfm de torque, também de origem Renault.
Por fim, a Oroch receberia o trem de força atualizado em sua próxima atualização, mas esta transição ainda não estaria aprova. Em todos os casos, o motor 1.0 TCe com câmbio EDC seria uma alternativa ao trem de força 1.6 SCe aspirado flex.
Motor híbrido nacional
O presidente da Renault para a América Latina, Luiz Fernando Pedrucci, confirmou que o motor 1.3 TCe terá “produção na região”. Como a única fábrica de motores da aliança fica no Brasil…
A notícia confirma uma informação trazida pela Mobiauto no começo de setembro e envolve muito mais camadas do que simplesmente fazer ou não o motor aqui. Isso porque o motor 1.3 TCe nacionalizado será usado pela nova família de compactos-médios da Renault.
A começar pela versão de produção da picape Niagara, que será feita na Argentina e estreará uma família de modelos híbridos flex por aqui. Além disso, o motor 1.3 TCe deve ser usado pela segunda geração do Nissan Kicks em suas versões de topo.
A segunda geração do Nissan Kicks já está em desenvolvimento, inclusive com protótipos tendo sido flagrados em testes no Brasil. A previsão de lançamento por aqui é 2025 e, como já contamos neste outro artigo, o SUV com plataforma CMF-B chegará para conviver com o antecessor e, assim, fazer a produção em Resende (RJ) quadruplicar.
Além do 1.3 turbo, há boas chances dele usar os motores 1.0 turbo flex de cerca de 120 cv, a ser estreado em 2024 pelo Kardian. A informação sobre o uso da família TCe no novo Nissan Kicks já havia sido divulgada pelo Autos Segredos em outubro de 2022.
Duster muda, Oroch vira Niagara
A Renault Oroch ganhará uma sucessora nos próximos anos. A confirmação está no conceito Niagara, revelado pela primeira vez nesta quinta-feira (25), durante a estreia global do SUV Kardian.
A aparição não foi exatamente ao acaso, uma vez que a sucessora ganhará a plataforma modular CMF-B, a mesma que estreia no Brasil com o Kardian. Ainda é cedo para tirar conclusões visuais, mas podemos antecipar algumas coisas.
A primeira é que a versão de produção da Niagara, um nome ainda provisório, será feita na Argentina. Segundo, terá uma irmã com logotipo da Nissan, ambas informações já confirmadas pela Renault. A terceira é que ela antecipa, também, uma nova família de três produtos compactos-médios da marca, ao lado da terceira geração do Duster e do SUV de sete lugares Bigster, estes dois a serem fabricados no Brasil.
Já o Duster, de terceira geração, como contamos, subirá de nível, tornando-se compacto médio, trocando de nome no Brasil e feito para enfrentar o Jeep Compass. Essa era uma possibilidade que vem sendo aventada pela Mobiauto desde julho deste ano.
O atual modelo, conforme contamos em abril de 2022, construído sobre a plataforma B0, será mantido em linha pela Renault em nosso mercado por mais alguns anos. Também já havíamos revelado que seu futuro seria só turbo, com direito a facelift no segundo semestre do ano que vem com uso do motor 1.0 turbo flex do Kardian nas versões de entrada com o câmbio automatizado.
Portanto, teremos nos próximos anos, todos com motores 1.0 turbo ou 1.3 turbo, ambos nacionais e feitos pela Renault, além dos câmbios DCT ou CVT, os Renault Duster (duas gerações), Oroch, Niagara e Nissan Kicks.
Editor de conteúdo
Prefere os hatches com vocação esportiva, ainda que com um Renegade na garagem. Formado em jornalismo na Fiam-Faam, há 10 anos trabalha no setor automotivo com passagens pelo pioneiro Carsale, além de Webmotors e KBB.