Por que o Renault Kwid foi “forçado” a ser tirado de linha na Argentina

Subcompacto é o carro mais vendido pela marca francesa no país vizinho, mas teve a oferta suspensa por conta de uma lei protecionista local
Renan Bandeira
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15.10.2021 às 10:09
Subcompacto é o carro mais vendido pela marca francesa no país vizinho, mas teve a oferta suspensa por conta de uma lei protecionista local

A vida do Renault Kwid não está fácil. Longe dos veículos mais emplacados do Brasil e com preços ultrapassando a régua dos R$ 50.000, o pequeno hatch que se autodenomina “SUV dos compactos” ainda saiu de linha no mercado argentino.

O motivo não está relacionado ao volume baixo de vendas ou a uma nova lei de emissões em que o Kwid não se enquadra, como é o caso do Fiat Uno ou do VW Fox aqui, por exemplo

A pedra no sapato da Renault é uma restrição protecionista do governo argentino, que cobra que as fabricantes instaladas no país sejam mais produtoras do que importadoras de veículos.

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O Kwid vendido no país vizinho é fabricado em São José dos Pinhais (PR), mesma fábrica que alimenta as lojas brasileiras. 

Como tem um bom volume de vendas na Argentina, o modelo prejudicou a “balança comercial” da Renault no país vizinho. Ela deixou de oferecer o subcompacto justamente para aumentar seu superávit de produção em relação ao de importação, enquadrando-se assim no que pede o governo.

“Devido a problemas de disponibilidade gerados por restrições de importação e com o objetivo de promover veículos de fabricação nacional, fomos obrigados a tomar a decisão de suspender temporariamente a comercialização do modelo Kwid em nosso país”, esclareceu a Renault Argentina ao site Autoblog Argentina.

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Governo força a produção nacional

Não é de hoje que o governo argentino pressiona as fabricantes instaladas por lá. Em abril deste ano, a Casa Rosada obrigou, por meio de uma resolução, que empresas grandes do setor industrial operassem com 100% de sua capacidade produtiva, independentemente da demanda.

Antes disso, montadoras como Volkswagen e Ford vinham utilizando entre 40% e 70% de suas capacidades produtivas. A medida se deu por uma crença, nos bastidores, de que as fábricas estavam desabastecendo o mercado propositalmente para gerar filas e inflacionar os preços.

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Suspensão antes da renovação

Subcompacto é o carro mais vendido pela marca francesa no país vizinho, mas teve a oferta suspensa por conta de uma lei protecionista local

No ano passado, o Renault Kwid foi o segundo veículo mais vendido pela marca na Argentina. Foram 7.657 unidades vendidas durante os doze meses, ficando atrás apenas do Sandero, que tem produção local, que registrou 8.572 emplacamentos no acumulado do ano. 

Neste ano, até o fim de setembro, o veículo já havia vendido 2.963 unidades. O sucesso das vendas foi o motivo para a suspensão das vendas no mercado argentino, que aconteceu pouco antes do subcompacto ser renovado. 

Como a Mobiauto já contou neste outro artigo, o Kwid terá um facelift mais concentrado na dianteira com conjunto óptico dividido, sendo os faróis posicionados no pára-choque e as luzes de condução diurna alinhadas à grade.

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Por dentro, o quadro de instrumentos terá novos mostradores e grafismos e um novo computador de bordo. Enquanto a central multimídia ganhará projeção de celulares via Apple CarPlay e Android Auto via cabo.

O motor 1.0 três-cilindros da família SCe terá comando variável de válvulas, que elevará potência e torque de motor de 66/70 cv (gasolina/etanol) e 8,4/9,8 kgfm para 78/82 cv e 10,5/10,7 kgfm.

A Renault Argentina ainda mantém esperanças do veículo voltar às lojas por lá. “Sabemos que o Kwid é um veículo de grande aceitação pelo público argentino e esperamos em algum momento poder trazê-lo de volta ao nosso mercado”, concluiu a marca.

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