Com fim da Troller, Agrale será a última marca nacional de veículos

Fechamento de fábricas da Ford no país pode levar Troller à morte, e Agrale se tornaria a única fabricante nacional de veículos leves de quatro rodas em série com portas abertas
Renan Bandeira
Por
13.01.2021 às 10:00
Fechamento de fábricas da Ford no país pode levar Troller à morte, e Agrale se tornaria a única fabricante nacional de veículos leves de quatro rodas em série com portas abertas

A Ford anunciou o fechamento das fábricas no Brasil na última segunda-feira (11). Com isso, a empresa também encerrou imediatamente a produção do SUV EcoSport e do compacto Ka nas carrocerias hatch e sedan.

Sua saída do Brasil representa um forte golpe na indústria automotiva nacional. Claro que o fechamento da quinta maior empresa automotiva em número de vendas em 2020 no Brasil, seguindo os dados da Fenabrave, será sentido por todo o mercado.

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Mas, com a saída do Brasil, a Ford dá à Troller uma sentença de morte, cerca de 24 anos após a sua estreia oficial. Os primeiros projetos da Troller surgiram em 1994, mas a empresa foi fundada oficialmente apenas em 1997, quando, enfim, iniciou-se a produção em linha dos jipes. 

De lá para cá, a marca se consolidou no nicho off-road com seus 4x4, e até criou uma competição: Copa Troller. Em 2005, a marca conquistou o título de maior equipe da história do Rally dos Sertões, ao preparar 21 modelos T4 para a competição. 

A empresa nacional pertence à companhia americana há 14 anos e registrou um volume de vendas de 1.301 unidades no acumulado de 2020, o que a coloca como principal marca genuinamente nacional.

Atualmente, a Troller oferece apenas o T4 no Brasil. Ele é movido pelo motor Duratorq de cinco cilindros 3.2 a diesel que gera 200 cv de potência e 47,9 kgfm de torque, que pode ser acoplado a câmbio manual ou automático na configuração T4X.

Fechamento de fábricas da Ford no país pode levar Troller à morte, e Agrale se tornaria a única fabricante nacional de veículos leves de quatro rodas em série com portas abertas

Segundo comunicado da Ford, a fabricante de jipes seguirá com as portas abertas até o final do ano, e os T4 serão comercializados enquanto houver estoque.

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A sobrevida pode vir caso haja uma negociação com um novo grupo disposto a manter a marca viva e a fábrica de Horizonte (CE) em operação.

De acordo com os colegas do site Autoesporte, o prazo dado pela Ford para fechamento da Troller é uma saída para que seja encontrado um comprador para a marca. No entanto, caso isso não aconteça, o Brasil vai sepultar uma de suas principais produtoras de veículos.

Além disso, vale lembrar que, com o fim da marca, morre também a fabricação nacional de veículos leves, já que a Agrale, última fábrica nacional que ainda estaria com as portas abertas após o fim da Troller, constrói apenas veículos pesados ou militares. 

Entre os jipes leves, ainda pode-se encontrar os Stark 4x4 de construção nacional, pela CAB Motors. No entanto, sua produção em Sobral (CE) foi interrompida desde que a empresa adquiriu os direitos sobre o jipinho junto à TAC, sua antiga fabricante.

A empresa até anunciou no fim de 2019 o investimento de R$ 200 milhões para a construção de uma fábrica no Distrito Federal, onde retomaria a produção do Stark, mas até agora o seu (re)lançamento não aconteceu.

Também há os Puma GT, mas estes são feitos apenas sob encomenda, segundo o site oficial da operação.

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Fechamento de fábricas da Ford no país pode levar Troller à morte, e Agrale se tornaria a única fabricante nacional de veículos leves de quatro rodas em série com portas abertas

A Agrale surgiu no Brasil em 1962, no Rio Grande do Sul, quando ainda usava o nome Agrisa e fabricava motores diesel e motocultivadores para indústria agrícola. O tempo passou e foram fabricados tratores, caminhões, ônibus, motos e, agora, a marca tem em seu portfólio veículos civis e viaturas.

A empresa se dedica à produção de veículos urbanos com Peso Bruto Total (PBT) entre 4.300 e 6.000 kg. Para o mercado, a marca oferece o Marruá, que pode ser encontrado na opção AM200 4x4 com carrocerias de cabine simples e dupla e na variante AM300 em chassi.

Há ainda a opção AM200 4x4 Microbus, que pode ser comprada para transporte escolar também. Todos equipados com motor Cummins ISF 2.8 de 150 cv de potência e 36,7 kgfm de torque acoplado ao câmbio manual de cinco marchas.

Além dos veículos citados acima, a Agrale se dedica ao projeto do caminhão elétrico FNM, que volta ao mercado de pesados oferecendo uma solução para circular nos centros urbanos, que deve chegar ao mercado ainda esse ano.

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