Fiat Tipo Sedicivalvole: o hatch que era hot até demais
O Tipo foi no Brasil em 1993, foi o primeiro veículo de importação oficial por uma montadora nacional. Tinha como trunfo o espaço interno generoso, ergonomia e ótimo custo-benefício. Seu projeto era moderno, com baixo coeficiente aerodinâmico (Cx) de apenas 0,31 e excelente porta-malas (para a época) com capacidade de 246 litros.
Inicialmente vendido na configuração de 3 portas, a versão “i.e” tinha motor 1.6 com injeção eletrônica single-point com 82 cv a 5.750 rpm e 13,3 kgfm de torque a 3.000 rpm. Seu desempenho era apenas aceitável, graças ao peso de 1.130 kg de sua carroceria. Fazia de 0 a 100 km/h em 15 segundos e atingia 161 km/h de velocidade máxima, com médias de 9,41 km/l de gasolina na cidade e 14,09 km/l na estrada. Seu tanque de combustível tinha 56 litros de capacidade.
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Gostoso de dirigir, o carro tinha reforços estruturais em seu monobloco para absorver melhor impactos dianteiros e laterais, bem como capotamentos, o que lhe garantiam boa solidez estrutural, com poucas torções. Seu bom isolamento acústico lhe conferiam um silêncio ao rodar acima da média, mas sua tampa do porta-malas, estampada em plástico, era fonte de ruídos com o passar dos anos. Após algumas boas regulagens o silêncio voltava a imperar.
No ano seguinte, em 1994, foi lançada a versão SLX. Com um motor 2.0 8 válvulas de 10 9cv a 5.750 rpm e 16 kgfm de torque a 2.750 rpm, o luxuoso hatch-médio fazia de 0 a 100 km/h em 11,39 segundos e atingia 187,2 km/h de velocidade máxima, com médias de 7,93 km/l de gasolina na cidade e 11,02 km/l na estrada. O consumo não era dos melhores, mas o desempenho impressionava àquela época.
Com acabamento esmerado esbanjando veludo e um isolamento acústico ainda melhor, o modelo trazia como itens de série as 4 portas, molduras dos espelhos retrovisores e saias dos para-choques na cor da carroceria, calotas redesenhadas, faróis de neblina, luz de neblina traseira, vidros dianteiros elétricos com função one-touch para o vidro no motorista e travas elétricas, além de direção hidráulica, regulagem de altura do volante, regulagem de altura dos cintos dianteiros, vidros verdes e limpador/desembaçador traseiro.
Como opcionais, o modelo tinha ar-condicionado, Airbag para o motorista, check-control, alarme, freios ABS, retrovisores elétricos, banco do motorista com descansa-braço, regulagem de altura do banco do motorista, regulagem lombar dos bancos dianteiros, rodas em liga-leve e teto solar elétrico. Seu concorrente era o então recém-lançado Volkswagen Pointer, e o Fiat dava um banho em tudo no modelo da Autolatina.
Em 1995, o modelo representava 55% das vendas do segmento, e a Fiat lançava no mercado o melhor dos Tipo: o Sedicivalvole. Apresentado como um modelo familiar com um espírito esportivo, o carro tinha um poderoso motor 2.0 16v de 137 cv a 6.000 rpm e 18,4 kgfm de torque a 4.500 rpm, uma “Macchina” valente. Fazia de 0 a 100 km/h em 9,95 segundos e atingia 213,8 km/h de velocidade máxima. Suas médias de consumo eram melhores que a versão SLX, percorrendo 9,51 km/l de gasolina na cidade e 13,43 km/l na estrada, muito em grande parte à relação peso x potência do modelo e ao motor multiválvulas.
Como itens de série, o Tipo Sedicivalvole tinha vidros verdes elétricos, travas elétricas, retrovisores elétricos, cintos de segurança traseiros laterais retráteis, regulagem de altura do volante, volante em couro, regulagem de altura dos cintos dianteiros, limpador/desembaçador traseiro, desembaçador com ar quente, para-brisas degrade, faróis de neblina, luz de neblina traseira, rodas de liga leve e pedaleira do acelerador esportiva.
Como opcionais, podia vir com Airbag para o motorista, pré-tensionador do cinto de segurança (!), alarme, ar-condicionado, bancos RECARO, bancos dianteiros com regulagem lombar, banco do motorista com regulagem de altura, teto solar elétrico e freios ABS.
Custando na versão mais completa R$ 26.500,00 em janeiro de 1995, o modelo era para poucos, afinal, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas, este valor hoje corrigido pelo índice INPC (IBGE) representaria R$ 176.837,29.
Neste ano, o modelo se tornava um Hot-hatch, mas não pela excelente versão Sedicivalvole ou pelas 85.281 unidades vendidas (atrás apenas de VW Gol, Fiat Uno, GM Corsa e Ford Escort) naquele ano, mas sim por uma série de unidades incendiadas, principalmente em 1995.
Foto: Reprodução/Autoesporte
A Fiat, admitindo que o modelo tinha um problema crônico e que seria solucionado, agiu de forma responsável e convocou em 1996 pouco mais de 155 mil unidades para um gigantesco Recall. Em paralelo, a marca anunciava a produção do modelo em território nacional, com uma série de melhorias, além de ser o primeiro veículo nacional a oferecer Airbag como opcional. O Tipo Sedicivalvole deixou de ser importado no mesmo ano graças à cotação do Dólar e mudanças nas regras de importação.
Nada disso trouxe sua reputação de volta, e no ano de 1996 foram emplacadas apenas 14.374 unidades. Em 1997 o desempenho em vendas era ainda pior, e o modelo saiu de linha após 1338 unidades vendidas de janeiro a maio, encerrando assim sua trajetória que teria sobrevida até o lançamento de seu sucessor, o Fiat Brava, em 1999.
Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.
Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua como BPO, e há 20 anos, ajuda pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação.