Avaliação: vale comprar o Hyundai Creta atual com o novo para chegar?

SUV clama por mudanças visuais, mas entrega bom pacote de equipamento com preço bem abaixo dos concorrentes. Vale a pena?
Renan Bandeira
Por
17.04.2021 às 08:00
SUV clama por mudanças visuais, mas entrega bom pacote de equipamento com preço bem abaixo dos concorrentes. Vale a pena?

O Hyundai Creta foi lançado no Brasil em 2017, e logo no ano seguinte se tornou o SUV compacto mais vendido no mercado. Depois, a competição no segmento aumentou e, ainda em sua primeira geração, o modelo tem a dura missão de brigar com Volkswagen T-Cross, Chevrolet Tracker, Nissan Kicks, Jeep Renegade e cia.

Como a Mobiauto já contou, o SUV da marca coreana ganhará uma segunda geração ainda este ano por aqui, com visual ainda mais polêmico que o do novo HB20. Este Creta totalmente repaginado já existe na China, onde responde por iX25, na Índia e, mais recentemente, no México. Clique aqui para conhecê-lo melhor.

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Assim como o HB20, a segunda geração do Creta bem poderia ser considerada um facelift profundo, visto que não haverá troca de plataforma. Ainda assim, as mudanças serão extensas. Será que ainda vale a pena comprar um Creta da linha atual com o novo prestes a desembarcar?

Testamos o Creta Prestige 2.0 automático atual, que custa R$ 116.790, e listamos seus pontos positivos e negativos para saber se o SUV atual ainda rende um bom caldo. Veja:

SUV clama por mudanças visuais, mas entrega bom pacote de equipamento com preço bem abaixo dos concorrentes. Vale a pena?

Como o Creta anda

O motor 2.0 aspirado flex é o segundo mais potente da categoria, ficando atrás apenas do 1.6 THP de 173 cv (gasolina/etanol) que move o Citröen C4 Cactus. Rende 156/166 cv e 19,1/20,5 kgfm de torque (gasolina/etanol) e move os quase de 1,4 tonelada de peso do SUV sem esboçar preguiça. 

Durante nossa avaliação, principalmente na estrada, o SUV mostrou bom desempenho nas acelerações e retomadas de velocidade, sendo mais esperto que um Nissan Kicks 1.6, ou C4 Cactus 1.6 aspirado ou um Jeep Renegade 1.8,  outros exemplos de SUV compacto sem propulsor turbinado.

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Motorização: motor 2.0 quatro-cilindros naturalmente aspirado de 156/166 cv (G/E) (a 6.200 rpm) e 19,1/20,5 kgfm (a 4.700 rpm), 16V, injeção eletrônica multiponto, duplo comando variável de válvulas / aceleração de 0 a 100 km/h em 9,7 segundos e velocidade máxima de 188 km/h / Câmbio automático de seis marchas / Tração dianteira / Cx: não informado.

O ponto negativo ficou por conta do consumo (muito) elevado. O Creta 2.0 parece rodar com o modo “gastão” ligado o tempo todo. De acordo com o Programa de Etiquetagem Veicular do Inmetro, quando abastecido com etanol o modelo tem média de 6,9 km/l na cidade e 8,2 km/l na estrada. Com gasolina, faz 10 km/l e 11,4 km/l, respectivamente. 

SUV clama por mudanças visuais, mas entrega bom pacote de equipamento com preço bem abaixo dos concorrentes. Vale a pena?

Mesmo que o tanque tenha 55 litros de capacidade, sua autonomia com álcool em perímetro urbano é de apenas 380 km, o que lhe renderá algumas visitas ao posto.

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O funcionamento do câmbio automático de seis marchas também não é perfeito, principalmente em perímetro urbano. O gerenciamento do motor promove a redução das marchas a giros muito baixos, quase parando o veículo em uma troca de segunda para primeira numa subida íngreme, por exemplo. Em casos assim, melhor reduzir as marchas manualmente através da alavanca.

Consumo: 6,9 km/l (cidade) e 8,2 km/l (estrada) com etanol; 10 km/l e 11,4 km/l, respectivamente, com gasolina.

Um ponto que ajuda a esquecer as reduzidas problemáticas é a suspensão mais firme do SUV, que proporciona uma sensação melhor ao dirigir por deixar o veículo o tempo todo no chão, com mais estabilidade e pouco arrasto nas curvas, ainda que mantenha o conforto esperado para sua categoria.

Os sistemas McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira conseguem assimilar conforto, com boa absorção das irregularidades do solo, e jogo contido da carroceria nas curvas, equilibrando a rigidez dos amortecedores em boa medida.

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Outro importante componente que auxilia na dirigibilidade é a direção elétrica, que no Creta trabalha de forma direta e sem folgas. Junto da posição de dirigir mais alta, aumenta ainda mais a confiança do motorista na condução.

Dados técnicos: direção elétrica progressiva / suspensão dianteira McPherson e traseira eixo de torção / freios dianteiros a disco ventilado e traseiros a tambor / rodas de liga leve aro 17 e pneus 215/60.

Vida no habitáculo

SUV clama por mudanças visuais, mas entrega bom pacote de equipamento com preço bem abaixo dos concorrentes. Vale a pena?

A parte interna do Creta 2021 mistura itens ainda atuais com outros mais ultrapassados. Por ser um carro de mais de R$ 110 mil, o painel de instrumentos analógico deixa a desejar, bem como a central multimídia BlueNav de apenas 7 polegadas com Android Auto e Apple CarPlay ainda via cabo.

Entretanto, o bom acabamento interno, com encaixe uniforme das peças e ausência de rangidos dos plásticos rígidos, o carregador de celulares por indução, o ar-condicionado automático com duto para a fileira de trás e o banco do motorista com ventilação são mimos bem atualizados em relação à concorrência.

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Além disso, é fácil encontrar uma posição boa para dirigir com o ajuste de altura do banco do motorista e a regulagem de altura e profundidade da coluna de direção.

O Creta ainda tem volante multifuncional com comandos para sistema de áudio e controle de cruzeiro, chave presencial e partida por botão. Ah, e ainda que seja um detalhe simples, o vidro elétrico presente nas quatro portas com sistema um-toque para subir e descer e antiesmagamento é bastante agradável.

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O espaço interno foi outro ponto que impressionou. A Hyundai soube aproveitar o entre-eixos de 2.590 mm - que não está entre os mais generosos do segmento. Com os bancos da primeira fileira ajustados para mim e meus 1,87 m, ainda sobrou um espaço confortável para outro passageiro de mesma altura na fila de trás. 

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Dimensões: 4.290 mm de comprimento; 1.780 mm de largura; 1.635 mm de altura; 2.590 mm de entre-eixos; peso, 1.339 kg; porta-malas, 431 litros; carga útil, 415 kg; ângulo de ataque, 21º; ângulo central não divulgado; ângulo de saída, 28º; vão livre do solo, 190 mm.

Além disso, mesmo o Creta não sendo um SUV dos mais largos ou altos, garante uma boa distância entre a cabeça dos ocupantes e o teto, e ainda comporta duas pessoas adultas tranquilamente na primeira fileira, com distância confortável para os ombros.

No banco de trás até cabem três adultos, mas já com espaço mais limitado e garantia de “encostões” entre braços, ombros e joelhos. Para quem busca um porta-malas generoso, o Creta tem um dos maiores da categoria: com formato retangular e sem truques, oferece 431 litros quase totalmente utilizáveis.

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E por fora?

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O visual, de fato, demonstra cansaço. Afinal, são mais de quatro anos sem mudanças muito profundas. O problema é que a nova geração do Creta terá no design um de seus elementos mais polêmicos.

Os traços exageram no arrojo e no futurismo, ficando desconexos inclusive em relação a outros modelos da Hyundai. Nesse ponto, a sobriedade do Creta atual se mostra muito mais elegante e agradável.

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Especialmente na versão Prestige, que já incorpora faróis com projetor, faróis de neblina, luzes de condução diurna e lanternas de LED, iluminação lateral Cornering Lamp, que varia a luminosidade de acordo com a direção, e rodas de liga leve de 17 polegadas diamantadas com detalhes pretos.

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O que o Creta Prestige oferece

Exterior: faróis com projetor e máscara cromada com iluminação lateral Cornering Lamp; faróis de neblina; luzes diurnas em LED; lanternas com luzes em LED; maçanetas externas cromadas; rodas de liga leve diamantadas de 17” com pneus 215/60 R17; antena do tipo barbatana.

Interior: quadro de instrumentos com mostradores analógicos; volante revestido de couro sintético; bancos de couro na cor marfim com detalhes em marrom; revestimento de porta em couro preto sintético.

Segurança: controle de estabilidade e tração; sinalização de frenagem de emergência no pisca-alerta; assistente de partida em rampa; monitoramento de pressão dos pneus; seis airbags; fixação de cadeirinhas infantis Isofix com Top Tether; alarme.

Tecnologia: computador de bordo digital no quadro de instrumentos; controle de cruzeiro; start/stop, sensores de estacionamento traseiros; câmera de ré com guias dinâmicas; acendimento automático dos faróis, carregador sem fio para smartphones; central multimídia BlueNav de 7 polegadas, com TV digital, GPS, conexão via Bluetooth e conexão com Apple CarPlay e Android Auto via cabo.

Conforto: ar-condicionado automático digital com duto central para a segunda fileira; banco do motorista com ventilação e regulagem manual de altura; vidros elétricos one-touch (descida e subida) e antiesmagamento; chave com sensor presencial; pulseira para destravamento das portas e acionamento do motor; partida do motor por botão; retrovisores externos com rebatimento elétrico automático; retrovisor interno eletrocrômico; volante com regulagem de altura e profundidade.

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Conclusão

Vale a pena comprar o Creta atual? Sim. Falta tecnologia, mas na relação custo-benefício ele dá trabalho aos concorrentes: custa mais de R$ 10 mil a menos que as versões de topo de Renegade flex, T-Cross e Tracker, entregando um pacote interessante de equipamentos de conforto.

O motor beberrão pesa mais pontos contra, mas ao menos responde bem às acelerações e retomadas. Na gama de opções do Creta ainda há o motor 1.6 aspirado, também com câmbio automático, para quem busca um pouco mais de economia.

O visual mais sóbrio e elegante é o ponto crucial para não esperar a próxima geração se você não liga tanto assim para a vanguarda de design. O velho Creta pode estar desatualizado em relação aos concorrentes e ser menos tecnológico do que o novo será, mas seus traços ainda enchem mais os olhos do que os do novo.

*Imagens: Renan Bandeira

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