Jackie Stewart, 80 anos, provou que educação ao volante é tudo

Veja alguns detalhes da trajetória de Jackie Stewart, um dos pilotos mais técnicos da história da Fórmula 1.
JC
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17.06.2019 às 14:18
Veja alguns detalhes da trajetória de Jackie Stewart, um dos pilotos mais técnicos da história da Fórmula 1.

Sergio Quintanilha

Dia 11 de junho Jackie Stewart completou 80 anos de vida. Mais do que um grande campeão da Fórmula 1, porém, Sir John Young Stewart, nascido em Milton, um lugarejo nos arredores de Glasgow, Escócia, mostrou ao mundo que é possível vencer na vida respeitando as regras e os adversários. Um exemplo muito útil nesses dias atribulados, quando a vitória pessoal muitas vezes está acima das leis.

Para Jackie, não bastava vencer. Era preciso vencer com elegância. “Ele prefere perder uma corrida do que sair de sua trajetória”, disse uma vez Emerson Fittipaldi, um de seus maiores rivais na pista. Não existem relatos de fechadas ou vigarices nas vitórias de Jackie Stewart. Mesmo assim, ele foi o recordista de vitórias na Fórmula 1 durante 14 anos. Suas 27 conquistas só foram superadas em 1987 (Alain Prost, GP de Portugal). Na carreira, além das 27 vitórias, Jackie somou também 17 poles, 15 melhores voltas, 43 pódios, três títulos mundiais e dois vice-campeonatos em apenas 99 corridas.

Mas não é só isso. Jackie Stewart sofreu 37 abandonos em seus 99 GPs. Portanto, ele ganhou 52% das corridas que disputou até o fim e subiu ao pódio em 83% das vezes. Seus números são impressionantes, mas foram conquistados com muita paciência e uma pilotagem incrivelmente limpa. Jackie foi provavelmente o piloto mais técnico da história da Fórmula 1. Por isso, sempre foi respeitado e amado não apenas pelos seus fãs, mas também por seus adversários. Certa vez disse: “Dirigir é uma questão de educação”. E como vemos a falta de educação nas ruas e estradas mundo afora! 

Jackie despontou na Fórmula 1 como um fenômeno. Herdeiro de Jim Clark, o “Escocês Voador”, que tinha um estilo completamente diferente, pois era um velocista, Jackie Stewart fez sua primeira corrida em 1965, na África do Sul, já conquistando um sexto lugar. Na corrida seguinte, nada menos do que o dificílimo GP de Mônaco, Jackie alinhou seu BRM P261 número 4 na primeira fila, em terceiro lugar (na época, eram três carros na primeira fila) e terminou em terceiro. Primeiro pódio em duas corridas – e em Mônaco. Já em sua oitava corrida, o GP da Itália, Jackie conduziu seu BRM número 32 à primeira vitória. Em Monza. Na temporada seguinte, Jackie ganhou apenas uma corrida, mas foi novamente em Mônaco.

A temporada de 1967 foi péssima para ele. Foram seis quebras de motor e câmbio em apenas 11 corridas. Mesmo assim, Jackie fez dois pódios. Mas estava na hora de trocar de carro. E isso aconteceu na temporada de 1968, quando Jackie Stewart passou a pilotar para a Matra. Ao volante de um Matra MS9 com motor Ford Cosworth, conseguiu três vitórias (Holanda, Alemanha e Estados Unidos). Estava pronto para ser campeão. O primeiro título veio em 1969, com seis vitórias pela Matra. O nome Stewart ficou gravado como campeão do mundo em sua 50ª corrida (GP do México), quando chegou em quarto lugar com seu Matra azul número 3.

Era a consagração do stewartismo. Uma nova forma de conduzir carros de corrida. No lugar de velocistas que passavam mais tempo acelerando e desafiando a pista, Jackie Stewart colocou a finesse ao volante, a gentileza com o carro, a estratégia durante a corrida e principalmente a ética nas disputas de posição como um bem maior. Era possível ser campeão do mundo dirigindo com educação, como ele dizia. A última vitória de Jackie Stewart foi no desafiador circuito de Nürburgring, na Alemanha, com o famoso Tyrrell Ford 006 número 5 de seu tricampeonato. Jackie não largou para disputar sua 100ª corrida, aquela que encerraria o campeonato e marcaria sua despedida, apesar de ter marcado o sexto tempo na classificação. Em respeito à morte de seu companheiro na Tyrrell, François Cévert, saiu das pistas e entrou para a história.

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